Franklin de Freitas – Em 16 estados analisados

Um estudo divulgado hoje pelo Imperial College de Londres estima que no Paraná, o número de pessoas infectadas pelo novo coronavírus seria hoje de cerca de 28.500 pessoas, o equivalente a 0,25% da população do Estado, projetada em 11,4 milhões de habitantes até 2019, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Oficialmente, segundo os dados da Secretaria de Saúde divulgados até ontem, o Estado tinha 1.656 casos de pessoas diagnosticadas com o Sars-CoV-2, destas 104 morreram pela Covid-19.

De acordo com os pesquisadores, número pode ser ainda maior do que o projetado no estudo, já que o Brasil tem um alto índice de subnotificação de casos, por conta do baixo número de testes aplicados pelo sistema de saúde. 

O relatório também avalia o chamado “número de reprodução”, ou R, que corresponde aproximadamente à media de pessoas a quem cada infectado pela doença transmite o vírus. No caso do Paraná, esse número está em 1,16.

Segundo os pesquisadores, para manter a epidemia sob controle, é necessário reduzir o R abaixo de 1. “Um número de reprodução acima de 1 significa que a epidemia não está ainda controlada e continuará a crescer”, afirmam ele. No caso brasileiro, eles avaliam que o R caiu 54% do patamar inicial, estimado em torno de 3 e 4. “Reduções substanciais no número de reprodução médio já foram alcançadas por meio das intervenções”, escrevem.

Em todo o País, a avaliação dos especialistas é que o número de infectatos chegue hoje a 4,2 milhões de pessoas, nos 16 estados analisados. O levantamento aponta que apenas no Amazonas, o número de pessoas contaminadas supera os 10% da população, ou de 448 mil contaminados. Nos demais estados mais atingidos – São Paulo, Rio de Janeiro, Ceará e Pernambuco (juntos, os cinco somam 81% dos infectados) –, está entre 3% e 4%. No resto do país, mal supera 1%. No Paraná, o índice está em 0,25%.

Segundo os autores do relatório, o número de reprodução mais alto é observado no Pará, de 1,90. No Estado, os pesquisadores estimam que 5,05% da população já foram infectados. Belém iniciou nesta quinta-feira um regime de lockdown. Em São Paulo, onde políticas de isolamento foram adotadas em 24 de março, a taxa de reprodução é de 1,47.
O estudo aponta para a necessidade de ações mais duras de isolamento e distanciamento social para conter a pandemia do coronavírus no Brasil. O relatório analisou o número de infectados em dezesseis estados brasileiros e o impacto das medidas de prevenção adotadas por aqui.

Na avaliação doe especialistas as medidas tomadas até agora não foram suficientes para reduzir esse número. “Os resultados mostram que até agora as reduções na mobilidade não foram rigorosas o bastante para reduzir o número de reprodução abaixo de 1”, afirmam os estudiosos. “Essa tendência está em franco contraste com outras epidemias de Covid-19 na Europa e na Ásia, onde quarentenas forçadas reduziram com sucesso o número de reprodução.”

O Imperial College é um dos institutos de pesquisa mais conceituados do mundo em modelagem matemática e vem publicando projeções desde que a epidemia chegou à Europa.