Dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) apontou que nos últimos anos o percentual de alunos que abandonaram os estudos no ensino médio antes de se formar caiu 3,3% – de 14,5% em 2007 para 11,2% em 2015. Apesar do avanço, seguimos em um ritmo lento para conseguir universalizar o acesso e incentivar a juventude a frequentar as salas de aula.
A evasão escolar não é um fenômeno exclusivamente brasileiro, mas temos apresentado maiores dificuldades para combatê-lo. De acordo com matéria publicada no jornal Folha de São Paulo, 43% dos países tinham resultados melhores que o Brasil antes da virada do milênio e atualmente 55% já alcançaram um percentual menor de jovens fora da escola.
As causas que levam a evasão escolar são muito amplas e incluem dificuldades financeiras, gravidez precoce, envolvimento com produtos psicoativos, falta de interesse ou de perspectivas dos jovens, entre outros. São fatores pessoais e sociais que exigem mobilização de todos para que possamos superá-los.
Para isso o poder público precisa manter avanços constantes no desenvolvimento de programas, especialmente em período de contraturno, que tornem a escola uma parte integrante das atividades diária dos jovens. Nesse sentido temos opções variadas que incluem esporte, cultura, informática, oficinas e cursos.
Conseguir promover ações de contraturno de maneira consistente e de acordo com a realidade de cada região exige sinergia e planejamento. Em Curitiba, para citar um exemplo, o prefeito Rafael Greca destacou a necessidade de expansão desse trabalho e deu todas as condições para que a Secretaria Municipal do Esporte, Lazer e Juventude (Smelj) e a Secretaria Municipal da Educação (SME) desenvolvessem o programa Escola+Esporte=10 (EE10), que promove atividades sistemáticas esportivas nas unidades da Smelj, escolas públicas do município e entidades conveniadas, ampliando a oferta para a comunidade.
Outro passo essencial para diminuir a evasão é compreender a realidade e motivos pessoais que levam cada jovem a abandonar os estudos, utilizando diferentes mecanismos para sanar os fatores que desestimulam sua participação e frequência escolar.
Um modelo de sucesso nesse formato acontece no Paraná, que é o segundo estado com menor evasão escolar do país, com o Programa de Combate ao Abandono Escolar – SERP, que atua junto aos estudantes com cinco faltas consecutivas ou sete faltas alternadas por meio de ações em conjunto com a Rede de Proteção à Criança. A ideia é promover acompanhamento individualizado ao aluno em dificuldade para garantir seu desenvolvimento pedagógico e social.
A evasão escolar é um problema histórico no Brasil e não pode ser encarado com passividade pelo poder público ou sociedade. Precisamos estar atentos aos jovens e trabalhar diferentes mecanismos, atividades e estruturas que os incentivem a permanecer nas escolas, estudando e agregando novos conhecimentos que irão pavimentar um futuro com mais opções e oportunidades.

Marcello Richa é presidente do Instituto Teotônio Vilela do Paraná (ITV-PR)