DANIELLE BRANT

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A possibilidade de um aumento adicional nos juros americanos neste ano voltou a impactar com força o mercado nesta terça-feira (15). O dólar comercial subiu 0,93%, para R$ 3,662, maior nível desde abril de 2016.

Entre os emergentes, a moeda americana se valorizou ante 23 das 24 principais divisas -a única que conseguiu subir foi o peso argentino.

A reação não ficou restrita aos emergentes: entre as 31 principais moedas globais, o dólar subiu ante 30, em uma cesta que inclui euro, iene e franco-suíço, consideradas seguras pelos investidores.

A forte valorização da moeda americana ocorreu em resposta a dados fortes de vendas no varejo em abril nos Estados Unidos, confirmando que a recuperação do país continuou no segundo trimestre.

Além disso, os dados voltaram a gerar preocupações com pressões inflacionárias e reforçaram a percepção de que haveria uma quarta alta de juros nos EUA neste ano.

Os rendimentos dos títulos de dívida americana com vencimento em dez anos, considerados livres de risco, subiram para 3,08%, maior nível desde julho de 2011. A alta atraiu dinheiro de emergentes.

André Carvalho, gestor macro da Brasil Plural Asset Management, vê o consenso de mercado entre três e quatro altas em 2018. “Tendo em vista esse movimento, o dólar tem se fortalecido em relação às demais moedas, em particular as que apresentam fundamentos mais frágeis, principalmente emergentes como a Argentina e a Turquia”.

Para James Gulbrandsen, economista e gestor responsável pela NCH Capital, o Federal Reserve (Fed, banco central americano) deve tomar mais cuidado ao elevar os juros no próximo ano.

“A boa notícia para os emergentes é que provavelmente esse ciclo de alta vai ser o final. Duvido que título com vencimento em dez anos ultrapasse 3,6% no ano que vem.”

Alvise Marino, estrategista do Credit Suisse, avalia que a valorização do dólar tem limites. “Estamos estruturalmente pessimistas com o dólar, primariamente porque nós achamos que a ampliação do deficit americano criado pela política fiscal da administração americana não está sendo aliada a um aumento de juros suficiente para tornar os ativos americanos atrativos para investidores estrangeiros”, afirmou.