Leonardo Kluck

No último sábado, 15 microempreendedores de Curitiba expuseram seus trabalhos em um festival inédito que movimentou um dos bairros mais carentes da cidade, a Vila Torres. O Festival da Vila Torres contou com salgadinhos, pão caseiro, sobremesas, docinhos e sanduíches, além de acessórios artesanais e artigos de decoração feitos com materiais recicláveis. E tudo isso produzido por quem viu no empreendedorismo uma alternativa ao desemprego.
Coordenadores do festival, Geovana Conti e Cleber Sá dos Santos, fundadores da empresa social Y (Youngers), apontam o evento como uma boa oportunidade para os curitibanos conhecerem os negócios que têm movimentado a economia local da Vila Torres. O casal conhece como ninguém o empreendedorismo da comunidade, afinal, a maior parte dos expositores passou pelo coworking social deles e desenvolveu seu negócio em um dos seus cursos de empreendedorismo social.
Entre eles está a jovem Lovelie Ysnardy, de 20 anos, moradora da Vila Torres e fundadora da Byenvini, uma ONG que busca facilitar a vida de outras pessoas que, assim como ela, emigraram do Haiti. A estudante de Ciências Contábeis decidiu criar a ONG não só para ajudar os imigrantes a se adaptarem à cultura brasileira e se profissionalizarem, mas também para, juntos, conseguirem recursos financeiros suficientes para implantar um orfanato-escola no Haiti.
O primeiro passo desse plano, inclusive, foi dado durante o Festival, quando os imigrantes apresentaram uma dança tradicional haitiana e venderamn comidas típicas desse país. Todo o lucro arrecado será revertido em novos projetos da ONG.
A Youngers, por sua vez, é uma espécie de coworking social gratuito que orienta profissionalmente pessoas de baixa renda ou em situação de vulnerabilidade social. O foco é atender mnoradores da região do Parolin, da Vila das Torres e do Capanema, três dos bairros mais pobres de Curitiba.
Pessoas com idade entre 14 e 35 anos são atendidas e, no curso, aprendem a se comunicar adequadamente, a saber vender, e também a ensinar outras pessoas a se tornarem revendedores.

Desalento
Segundo informações da PNAD Contínua, com dados do segundo trimestre de 2019, o Paraná bateu recorde de pessoas em situação de desalento – que se configura quando o cidadão desiste de procurar emprego. São 114 mil desalentados no estado, maior valor da série histórica iniciada no 1º trimestre de 2012. Naquela ocasião, os desalentados somavam 54 mil pessoas – ou seja, houve crescimento de 111% no contingente de desalentados em pouco mais de sete anos.