SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Uma das dez faixas do quarto disco da dupla/banda norte-americana MGMT chama “TSLAMP”, acrônimo para “time spent looking at my phone” (tempo gasto olhando para o meu celular, em tradução livre). De forma meio que resignada, Andrew VanWyngarden canta sobre como o aparelho tomou conta de sua vida.

“Sim, o celular está em minhas mão o tempo todo, quando estou na sala, no quarto, no banheiro. Mas acho que muita gente é assim hoje em dia, não?”, questiona, em entrevista por telefone à Folha de S.Paulo. “Para mim é uma coisa necessária, desgraçadamente necessária. Porque me deixa distraído, fico o dia inteiro conectado.”

Definitivamente muitos fãs da banda vão sentir que “TSLAMP” foi escrita para eles, e a música ajuda a fazer do disco “Little Dark Age” uma espécie de volta por cima do MGMT, uma das atrações do Popload Festival, que será realizado nesta quinta-feira (dia 15) no Memorial da América Latina, em São Paulo.

Com dois palcos, o evento reunirá nomes como Lorde, At the Drive-In, Blondie, Death Cab for Cutie, Mallu Magalhães e Tim Bernardes, Céu e Tropkillaz, entre vários outros.

VanWyngarden e o tecladista Ben Goldwasser, o núcleo duro do MGMT (eles ganham a companhia de outros músicos nos shows), estouraram em 2007 com o álbum de estreia, “Oracular Spectacular”, que era recheado de faixas meio eletrônicas, meio psicodélicas, mas com uma forte pegada pop. Faixas como “KIds”, “Time to Pretend” e “Electric Feel” viraram hits.

A dupla excursionou pelo mundo (inclusive Brasil), fez shows para plateias grandes, e entendeu o sucesso isso como uma carta branca para fazer o que bem entender no segundo e no terceiro discos. Lançaram “Congratulations” (2010) e “MGMT” (2013), álbuns nos quais os dois deixaram de lado os tons pop e se jogaram em um mundo dark-psicodélico. Difícil entender o que pretendiam (talvez nem eles soubessem).

“Bem, a gente grava (em cada disco) o que sente naquele momento”, diz VanWyngarden. “Sou orgulhoso desses dois discos, mas claro que algumas pessoas não gostaram.”

Sobre o disco mais recente, questionado sobre a boa união de elementos pop com experimentações psicodélicas, ele afirma: “Realmente combinamos várias coisas de que gostamos, várias referências, ideias. Acho que é um disco que representa bem o que seja a banda.”

Felizmente, o show no Popload Festival, segundo VanWyngarden, terá como foco este último álbum, com quase nada dos dois anteriores e algumas lembranças de “Oracular Spectacular”. “Sabemos que muita gente gosta e fica empolgada com os hits do primeiro disco, então costumamos tocá-los em vários shows.”

Mesmo com altos e baixos, o vocalista afirma que consideram o MGMT uma banda bem-sucedida. “Tenho certeza de que poderíamos ter feito mais,coisas diferentes. Mas muita gente vem me dizer que nossas músicas mudaram suas vidas, que elas realmente se conectam com nossas músicas, então acho que somos uma banda bem-sucedida, sim. Para mim, isso significa ter sucesso, conseguir se conectar de um jeito profundo com bastante gente.”

Se o MGMT deu a volta por cima com “Little Dark Age” e a expectativa é a de que faça um show bom em São Paulo, o principal destaque do Popload Festival é a neozelandesa Lorde. Com 22 anos recém-completados, a cantora virou uma popstar logo no primeiro disco, “Pure Heroine”, de 2013, ao traduzir em canções as angústias e um certo cinismo pós-adolescente. Músicas como “Royals” e “Tennis Court” fizeram a cabeça de fãs pelo mundo. No ano passado, ela soltou “Melodrama”, em que envereda  por um pop de veia eletrônica em faixas como “Green Light”.

Há poucos dias, Lorde comprou briga com Kanye West e Kid Cudi. A dupla de rappers, que se apresenta como Kids See Ghosts, fez show em que usam uma estrutura de metal e vidro que fica suspensa sobre o palco. Lorde achou que eles tinham roubado a ideia de sua turnê, que conta com esse tipo de estrutura em alguns dos shows. Mas uma designer que já trabalhou com a própria Lorde disse que a crítica era injusta pois esse tipo de estrutura é utilizado na música e em apresentações cênicas há tempos.

De qualquer forma, Lorde deve fazer um show de cerca de 1h20, no encerramento do festival, em que mistura as faixas dos dois álbuns que já lançou.