Ao ouvir falar pela primeira vez da Underground Railroad, o então menino Barry Jenkins imaginou uma ferrovia subterrânea por onde trafegavam locomotivas a vapor em vez da rede de rotas e esconderijos secretos usados pelos negros escravizados do sul dos EUA para fugir para os Estados livres do norte e para o Canadá, no século 19. Anos mais tarde, ele leu The Underground Railroad – Os Caminhos para a Liberdade, de Colson Whitehead, de quem era fã desde sua estreia, A Intuicionista. E, quando viu que o escritor, que ganharia seu primeiro Pulitzer e o National Book Award com o romance, descrevia uma ferrovia real, como aquela da sua imaginação infantil, soube na hora que queria adaptar o livro.

Mas como conseguir os direitos? Hoje, Barry Jenkins é o diretor de Moonlight – Sob a Luz do Luar, vencedor de três Oscars, e Se a Rua Beale Falasse, que rendeu a estatueta de atriz coadjuvante para Regina King. Mas, na época em que o livro foi lançado, Moonlight ainda não tinha sido nem exibido no Telluride Festival, onde criou tanto buzz que lotou diversas sessões no Festival de Toronto. Mandou um link para Whitehead, que concordou em conversar.

Havia alguns cineastas já interessados em adaptar seu livro. Jenkins chegou dizendo que queria fazer uma minissérie e não um filme. Whitehead admite que não tinha a mínima noção de como testar um diretor. Perguntou em que filmes de escravidão Jenkins se inspiraria. A resposta: “Escravidão? Não, irmão, estou pensando mais em Sangue Negro e O Mestre, do Paul Thomas Anderson”. Dois dos filmes favoritos de Whitehead. Fecharam negócio na hora. E a versão em dez episódios chega agora ao streaming.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.