Sandro Nascimento/Alep – Francischini: oito votos entre 13 deputados

Depois de ficar de fora da disputa pela presidência da Assembleia Legislativa, o deputado estadual Fernando Francischini (PSL) deve ser eleito amanhã para outro cargo-chave na Casa: o comando da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), a mais importantes do parlamento estadual, por onde passam todos os projetos em discussão. Apesar do governador Ratinho Júnior (PSD) afirmar oficialmente que não vai interferir pessoalmente na disputa interna do Legislativo, Francischini deve conquistar a presidência da comissão com o apoio da base do governo.
Na semana passada, o parlamentar – que está no primeiro mandato na Assembleia, depois de dois mandatos na Câmara Federal – garantiu os votos necessários para presidir a CCJ. Sete dos 13 parlamentares indicados pelos partidos e blocos para compor a comissão assinaram documento declarando voto no ex-delegado da Polícia Federal – esvaziando assim a articulação do veterano deputado Nelson Justus (DEM) para ser reconduzido ao cargo. Entre eles está o líder do governo na Casa, deputado Hussein Bakri (PSD) – o que deixou evidente o esforço do Palácio Iguaçu em favor de Francischini. Com isso, além de seu próprio voto e do líder governista, o deputado do PSL conta com o apoio também dos deputados Delegado Jacovós (PR), Evandro Araújo (PSC), Homero Marchese (PROS); Marcio Pacheco (PPL), Paulo Litro (PSDB); e Tião Medeiros (PTB). Como o deputado Tadeu Veneri (PT) já anunciou que vai se abster na eleição, Justus só poderia contar com quatro votos.
Contrariado – Justus comanda a comissão desde que deixou a presidência da Assembleia, em 2011, sob a acusação do Ministério Público de comandar um esquema de desvio de recursos de funcionários “fantasmas” no escândalo que ficou conhecido como “Diários Secretos”. Ele ainda estaria tentando articular uma reação contra Francischini, com a estratégia de levar a eleição para uma votação secreta, o que facilitaria conquistar o apoio dos colegas graças ao sigilo, diminuindo o poder de pressão do Palácio Iguaçu. A articulação, porém, tem poucas chances de vingar, segundo deputados da Casa. Por isso, aliados de Justus teriam aconselhado ele a desistir, em troca da eleição para o comando de outra comissão, como Orçamento ou Finanças.
Ainda de acordo com essas fontes, Ratinho Jr teria ficado contrariado com um vídeo gravado durante a última campanha eleitoral em que Justus faz críticas a ele. O deputado do DEM apoiou a candidatura à reeleição da ex-governadora Cida Borghetti (PP).
Onda – Com mais de 400 mil votos – a maior votação da história da Assembleia – Francischini chegou a ensaiar uma candidatura à presidência da Casa, mas desistiu de concorrer depois que o deputado Ademar Traiano (PSDB) atraiu o apoio da maioria esmagadora dos parlamentares – incluindo os deputados da base de apoio de Ratinho Jr – para ser reconduzido ao cargo pela terceira vez consecutiva. Inicialmente, havia a expectativa de que ele concorresse ao cargo, apoiado na votação recorde obtida na última eleição, na esteira da onda favorável ao presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL). Graças a essa onda e à votação de Francischini, o PSL – que até então só tinha um deputado na Assembleia – elegeu a maior bancada da Casa, com oito parlamentares.
Apesar de ter o interesse em atrair o PSL para a base do governo, Ratinho Jr facilitou a recondução de Traiano, a fazer com que o PSD – seu partido – não indicasse nenhum integrante da Mesa Executiva, abrindo caminho para que o tucano fizesse uma composição que inclui o PSB do ex-líder do governo Beto Richa, Luiz Cláudio Romanelli – que virou primeiro-secretário da Assembleia, e MDB de Requião Filho e outros partidos, isolando a legenda de Francischini, formada em sua maioria por parlamentares novatos ligados à pauta da segurança pública.