SIDNEY GONÇALVES DO CARMO
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O empresário Constantino de Oliveira, 85, conhecido como Nenê Constantino, fundador e ex-proprietário da Gol Linhas Aéreas, foi condenado na noite desta quinta-feira (11) por mandar matar o líder comunitário Márcio Leonardo de Sousa Brito, em 12 de outubro de 2001.
Segundo o TJ-DF (Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios), Constantino foi condenado a 16 anos e seis meses de prisão pelos crimes de homicídio qualificado e corrupção de testemunha.
O empresário também terá que pagar uma multa de R$ 84 mil. Ele respondia a esse processo em liberdade.
No ano de 2015, Constantino foi absolvido de outra acusação — tentativa de homicídio duplamente qualificado contra o ex-genro Eduardo Queiroz Alves.
Além de Constantino, mais quatro réus também foram julgados agora. João Alcides Miranda, dono da arma usada no homicídio, foi condenado, pelos mesmos crimes, a 17 anos e seis meses de prisão e 12 dias, além de multa.
Já o ex-vereador de Amaralina (GO) Vanderlei Batista Silva e o ex-empregado de Constantino João Marques dos Santos foram condenados, respectivamente, a 13 anos e 15 anos de prisão pelo crime de homicídio qualificado.
Santos seria um dos pistoleiros contratados pelo empresário. Já Victor Bethônico Foresti, um dos genros do empresário, foi absolvido pelo crime em que era acusado de corrupção de testemunha.
LIBERDADE
Segundo a Justiça, todos foram condenados ao regime fechado, mas poderão recorrer em liberdade. Após mais de três dias de julgamento, a sentença foi lida nesta sexta-feira (12) no Tribunal do Júri, em Taguatinga, cidade a 30 km de Brasília.
O julgamento do empresários e dos demais réus começou em 20 de março, chegou a ser adiado e foi retomado na última segunda (8).
Naquele dia, foram ouvidas seis testemunhas, das 31 arroladas inicialmente. No segundo dia de julgamento, o juiz ouviu a última testemunha que faltava e, em seguida, começou com o interrogatório dos cinco réus. Já na quarta (10) e quinta (11) ocorreu a fase dos debates entre a acusação e a defesa.
DISPUTA
O líder comunitário Márcio Leonardo de Sousa Brito foi morto a tiros em 12 de outubro de 2001 por causa da disputa de um terreno de uma garagem da Viação Pioneira, do empresário. Na ocasião, Brito representava as famílias que ocupavam o terreno.
A família Constantino disse que não vai se manifestar sobre a decisão judicial. Os advogados analisam quais serão os próximos passos. O empresário negava envolvimento no crime.
Além de ter fundado a companhia aérea Gol, Constantino também se notabilizou como empresário do ramo de transporte rodoviário — por exemplo, no Distrito Federal e em São Paulo.
Na capital paulista, chegou a ser um dos maiores empresários de ônibus nos anos 1990, tendo reduzido os negócios na década seguinte para concentrar os investimentos na companhia aérea.