Um detalhe, um segundo. Pronto, é o que basta. É o que faz do futebol apaixonante e também o que derruba técnicos, cria heróis e vilões. Basta uma desatenção, pimba!, história reescrita. O Atlético vencia o Universidad Católica em casa, 2 a 0. Aqui não!, bradou Paulo Autuori, já há um ano no banco do Furacão – detalhe que não pode passar batido, afinal desde 2000, com Vadão, o clube não tinha um mesmo técnico. O mesmo Autuori viu um detalhe em Otávio, volante, de que ele estaria com câibras. Mexeu. Mexeu mal. Wanderson, zagueiro, entrou mal, mudou o esquema da equipe a 5 minutos do fim. O próprio errou um passe no meio, contra-ataque… gol do Católica. No detalhe, o cruzamento perfeito de Fuenzalida, de primeira, aproveitando-se do ótimo gramado da Arena. Gol de Llanos. Mais detalhe: do meio campo veio a bola, defesa atleticana em linha, Noir fecha por trás de Wanderson e 2 a 2. É o futebol.

Detalhe importante
O Atlético tem muitos detalhes pra cuidar. Todos os clubes os têm, na verdade. Um deles será administrar a possibilidade de ter de sair da Arena caso chegue às oitavas da Libertadores em segundo no grupo. Quando da proposta da FIVB – que financeiramente deve ser boa e para a imagem é ótima – o calendário já conflitava com a Libertadores. Claro, primeiro o clube deve avançar. Ontem se complicou um pouco, acabará tendo que vencer fora. Mas se passar, e se passar em segundo lugar, jogar as oitavas fora da Arena por um compromisso que não é futebol, é um detalhe enorme.

Detalhe em Catalão
A Católica mostrou que todo segundo é válido, o Barcelona então, nem se fala. Foi surrado em Paris, 4 a 0. Mesmo assim arrastou quase 100 mil pessoas ao Camp Nou, todas imaginando que o placar era só um detalhe. Fez 3 a 0, contou com um pênalti duvidoso – detalhe que não pode ser suprimido da análise. Viu o PSG fazer um. Teria que fazer mais três. Ninguém acreditava. Bem, quase ninguém. Neymar fez de falta, acendeu uma esperança. Depois, novo pênalti pra lá de discutível e gol de Neymar. Aí só faltava um. E no detalhe, Ter Stegen – o goleiro! – roubou a bola e devolveu a Neymar, que cruzou pegando a zaga em linha (você já leu isso hoje). Gol de Sergi Roberto, o terceiro em cerca de 8 minutos. Barcelona classificado e o adversário virá no sorteio – será possível ver dedos cruzados dos adversários no sorteio?

Detalhe fatal
Kléber soltou após a saída de Carpegiani: Agora voltou a paz. A gente sabe o que aconteceu e por que aconteceu. Enigmático, não dividiu o conhecimento. O que se sabe publicamente é que as derrotas no Paranaense, somada à eliminação para o ASA na Copa do Brasil, encerraram o terceiro ciclo de Carpegiani no Coxa. Detalhe: se Kléber faz o gol de pênalti que beijou o poste de Santos, e o Coxa abre 1 a 0 no jovem time do Atlético, que ainda não havia vencido no campeonato, como seria essa história? Uma bola que entra, um técnico que fica, uma multa a menos. A sequência do trabalho de Carpegiani será melhor ou pior após o clássico, se vencido? Nunca saberemos. Só sabemos do detalhe da bola de Kléber na trave e de seu desabafo posterior.

Detalhe no extrato
R$ 680 mil brutos ou aproximadamente 600 mil reais líquidos. É o valor nas mãos do Paraná Clube no detalhe da classificação contra o Bahia. Um jogo de alto valor: de acordo com Rodrigo Pastana, gerente de futebol do Tricolor, o equivalente a duas folhas de pagamento. Dois meses a menos de preocupação. Futebol é detalhe? Nem sempre. Às vezes é a escolha bem feita ou a consequência de um erro de avaliação.

Napoleão de Almeida é narrador esportivo e jornalista especializado em gestão