Franklin de Freitas

Depois de ouvir o primeiro depoimento desta sexta-feira (14 de setembro), prestado por Edson Casagrande, ex-secretário estadual e empresário, o procurador Leonir Batisti, coordenador estadual do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), disse que pode pedir entre hoje à noite e amanhã a prorrogação das prisões temporárias da Operação Rádio Patrulha por mais cinco dias ou conversão em preventiva, sem prazo para terminar. 

Entre os presos e investigados na operação estão o ex-governador Beto Richa (PSDB) e sua esposa e ex-secretária estadual Fernanda Richa, que desde a última terça-feira (11 de setembro) estão detidos no Regimento de Polícia Montada, no Tarumã. Os dois também estiveram no Gaeco entre 8h30 e 13h30. Beto Richa optou por não falar. Fernanda permaneceu por uma hora na sala de depoimentos, mas não há confirmação sobre a postura da investigada. 

Também preso no âmbito da operação, o ex-secretário de Infraestrutura José Richa Filho, o Pepe Richa, irmão do ex-governador, prestou depoimento durante a manhã. Por volta das 9 horas, o empresário Joel Malucelli, sogro do deputado federal João Arruda (MDB) e primo do candidato a vice-governador de Cida Borghetti, Coronel Malucelli, se entregou às autoridades. Malucelli chegou a ser considerado foragido. Ele estava em viagem à Itália na última terça-feira (11), quando foi desencadeada a operação do Gaeco.

"Temos provas patentes e a pessoa admitir pouco interfere"

Batisti afirmou que a admissão ou não dos crimes em depoimento pouco irá interferir no processo e nas investigações em andamento. Segundo ele, o Gaeco conta com "provas patentes" e está recebendo "novas informações a cada momento".

“Algumas pessoas silenciaram, não quiseram declarar nada, especificamente, o ex-secretário Pepe Richa. Outras pessoas admitiram algumas coisas, que a rigor não é possível negar e acrescentaram algumas informações", disse o coordenador do Gaeco. Questionado ainda sobre o fato de o ex-governador e a ex-primeira dama ficarem presos em celas próximas, em um Batalhão da PM, no Tarumã, Batisti explicou que não deve atrapalhar, embora não seja a situação ideal.

“Eles não precisam dizer nada (Beto e Fernanda), podem combinar, dizer a mesma versão, isso não os afeta, ou seja, não os prejudica, e, portanto, essa situação (de ficarem próximos no Batalhao da PM) para nós é neutra. Isso é bom? Obviamente que não é bom de todo. Juridicamente vai refletir na hipótese de que a pessoa não precisava declarar nada, ou que seja combinado ou mentira, é um direito”, disse.

Novas prisões em avaliação

Sobre a possibilidade de serem feitas novas prisões, Batisti explicou que a situação ainda está sendo avaliada diante do material e das novas provas que estão surgindo. Segundo ele, o ex-deputado estadual Tony Garcia, amigo de infãncia de Beto Richa, delator e figura central para a deflagração da operação, procurou espontaneamente o Gaeco acompanhado de advogados em maio deste ano.

“Ele (Tony) já tinha uma situação de colaboração na Justiça Federal e estava com alguma pendência. Então ele pretendia que isso tudo fosse resolvido.”