Hoje os personagens principais desta coluna são os bichos, mais precisamente os felinos. Geralmente, escolho gente que tem na sua rotina algum envolvimento com os animais. Já passaram por aqui adestradores de cães e cavalos, além de veterinários audaciosos e com projetos terapêuticos. Pra variar um pouco, vou contar breves histórias de gatos de guarda do comércio de São Paulo e Curitiba.

Começo com este gatinho, de São Paulo, que tem uma coleira inusitada. Em volta do pescoço, o bichano tem um alarme daqueles que ficam grudados nas roupas e apitam na saída da loja. Ele vive, ou melhor, mora literalmente na loja, no bairro Bom Retiro, tradicional comércio de roupas da capital paulista. A medida de segurança é para que o gato não se perca pelas ruas movimentadas. Geralmente, ele costuma ficar no alto do balcão observando a mulherada enlouquecida com as últimas tendências da moda.

Já o Lolo, um gato preto vira-lata, que mais parece um persa, tem a liberdade de ir vir. Fica em uma loja de produtos pets no Hugo Langue, em Curitiba. O bichinho parece a versão black do Garfield. Bonachão, com andar calmo, sem pressa, gosta de ficar descansando sempre em algum cantinho.

A Pet World pertence ao casal, Michele e Fabio, este veterinário. Ela me conta que o gato ainda pequeno foi deixado por uma conhecida para ser adotado. Ficou por alguns dias na loja à espera de um lar, mas a Michele sempre ficava na torcida para que ninguém o levasse. Gostou do gato desde o início. E foi assim que o Lolo, hoje com oito anos, ficou por lá.

Com chip importado e placa de identificação, o Lolo costuma dar umas voltinhas na vizinhança. Mas sempre retorna. Mesmo com o grande número de visitantes caninos na loja, ele não perde a linha. Está sempre na boa. Sem se importar com os clientes mais estressados.

Também não poderia deixar de citar o tão famoso gato preto do Largo da Ordem.  O Bóris, do Sebo Trovatore. Já foi notícia em diversos jornais, inclusive quando ficou desaparecido por uns dias. Ele também é um gato livre. Sai para dar umas voltas pelas redondezas, mas claro, sempre com a placa de identificação bem afixada à coleira.

Previna-se – Cães e gatos devem ser emplacados. Principalmente se têm o costume de passear sozinhos. Para os acostumados a ficar em casa, o cuidado deve ser redobrado. Ninguém quer que eles escapem, mas se acontecer, a placa com o número de contato é uma maneira barata que pode facilitar o retorno.

Lolo: emplacado e chipado
Chipagem – Quem puder pagar entre R$ 80 e R$ 100 existe no mercado um microchip eletrônico. O produto não é de vidro, comum nas chipagens gratuitas. Segundo a fabricante Virbac, ele é revestido por polímero-biocompatível. Tem a vantagem, de acordo com a empresa, de não quebrar e nem se deslocar pelo corpo do animal.

O dispositivo, que não é um rastreador, armazena um código. Tipo um RG. A empresa disponibiliza um site onde o número do animal é cadastrado. Ao ser encontrado, o cão ou o gato deve ser levado a uma clínica veterinária que tenha a máquina de leitura. Com os dados do bicho é possível localizar o dono. No site também consta a lista de clínicas que fazem a leitura.      

Senso de direção – O zootecnista e especialista em comportamento animal, Paulo Parreira, explica que os cães não têm um sentido especial de localização, como é o caso das aves, por exemplo, os pombos. Naturalmente se guiam, principalmente, pelo olfato, que é extremamente desenvolvido, diz.

Nos gatos ocorre o mesmo. Se os animais têm acesso à rua, acabam conhecendo a área e pontos de referência, o que ajuda e muito na volta para casa. Mas o especialista alerta. O que pode atrapalhar na verdade é o risco que eles correm de serem atropelados ou vítimas de violência (de pessoas ou outros animais), explica.

Segundo o especialista, animais que nunca passeiam ou saem pouco, normalmente ficam mais desorientados ao se deparar com tamanha liberdade, o que pode fazer com que estes animais andem a esmo por longas distâncias. Isto sem dúvida dificultará a sua volta em segurança para casa, completa.