SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Em vez de rondas pontuais, a Guarda Civil Metropolitana de São Paulo tomou uma medida radical para proteger o muro de vidro da raia olímpica da USP de novos danos.

A corporação interditou uma das faixas rente à marginal Pinheiros, que margeia todo o muro. A medida se refletiu rapidamente no trânsito.

Por volta das 7h, a marginal apresentava engarrafamento além do normal, segundo a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego).

O bloqueio, de acordo com a CET, começou por volta das 22h desta quarta-feira (25) e se estendeu até as 5h. A interdição foi retomada às 7h e até esta publicação se mantinha.

Segundo a secretaria de Segurança Urbana da capital, a responsável pela gestão da GCM, o bloqueio de parte da Marginal Pinheiros ocorreu para proteger a estrutura de vidro. A pasta estuda se essa será a melhor saída e por quanto tempo manterá as interdições.

Um segurança particular da USP também foi escalado para ficar de olho no muro. O projeto prevê a instalação de câmeras de segurança, o que ainda não foi feito.

Tudo porque em uma semana, a estrutura registrou três danos em seus painéis. Ainda não se sabe o que tem provocado a quebradeira.

ESPECULAÇÕES

Além de vandalismo, as especulações sobre os danos só se multiplicam: vão de pedras e tiros a trepidações provocadas pelos caminhões que trafegam apenas de madrugada na via ao lado. Há até quem aposte em impacto provocado por pássaros desorientados. Adesivos que lembram urubus foram colados nos vidros como uma forma de orientação para reduzir a mortalidade das aves no entorno.

Até as capivaras em torno da raia são suspeitas. “Está virando rotina e não sabemos o que pode estar causando os danos”, diz José Neto, supervisor da raia.

O muro de vidro foi anunciado pela gestão do então prefeito João Doria (PSDB) em julho do ano passado como uma maneira de revitalizar a região da marginal e “integrar a Cidade Universitária à cidade”.

Desde o início das obras, doadas por 45 empresas à USP ao custo de R$ 15 milhões, foram registrados quebradeiras em oito placas. A primeira ocorrência foi na última quarta (18), logo após a inauguração do primeiro trecho. Em menos de uma semana, seis placas quebradas tinham sido substituídas. Duas partes que já estavam estilhaçadas se somaram à terceira descoberta na madrugada da última terça (24).

Segundo o registro policial, um segurança particular da universidade foi informado sobre a nova ocorrência por volta da 1h. Outro funcionário fazia a ronda na raia olímpica e constatou o vidro rompido. Foi requisitada perícia no local, que só deve ficar pronta em um prazo de até 30 dias.

Dos 2,2 km do muro de alvenaria construído há 21 anos, cerca de 500 metros já foram substituídos por vidros. Cada placa é avaliada em R$ 4.000. Ao fim do projeto, terão sido colocados 1.222 vidros.

MANUTENÇÃO

Ainda não está claro quem arcará com as contas de manutenção após o fim das obras, previsto ainda para este mês. Segundo a USP, essa parte do contrato ainda está em negociação —por enquanto, as trocas dos vidros são feitas pelas empresas doadoras.

Com as contas no vermelho, a universidade, portanto, corre o risco de ter que sustentar a manutenção do “presente” dado pela prefeitura.

Em abril do ano passado, a reitoria abriu chamamento público para revitalizar a raia olímpica. O pedido de doações de empresas foi formalizado sob o argumento de que a crise financeira impedia novos investimentos no campus.

Inaugurada em 1973, a raia olímpica teve poucas melhorias desde a realização da 1 Regata Internacional, naquele ano. O chamamento público feito pela reitoria no ano passado previa várias reformas além do muro: dos galpões onde ficam os barcos, da barragem que forma a raia e a instalação de uma pista de corrida na margem.

Sem interessados, a USP prorrogou por três vezes o chamamento público. Apenas a substituição do muro, portanto, foi contemplada devido ao intermédio da prefeitura.

O projeto original previa a substituição do muro por gradis, mas foi alterado após estudo que previu maior poluição sonora e sugeriu substituição de material.

Empresas fornecedoras de estruturas de vidro, esquadrias e acabamentos em geral formaram um pool de doadoras para viabilizar as obras.

A USP afirma que, por enquanto, aguarda o interesse de alguma empresa que se disponha a arcar com os valores da manutenção, após o término da instalação dos vidros.