Morongo

Representantes do que a crítica convencionou chamar, na década de 90, de World Music, os franceses do Gipsy Kings, conhecidos pela mistura de flamenco, rumba, salsa e pop, se apresentam nesta quinta (25), no Expo Unimed. Os mais jovens talvez não conheçam a fundo o som do grupo, mas em algum momento já devem ter escutado os inúmeros hits que marcaram gerações, como “Bamboleo”, “Volare” e “Djobi Djoba”.

E, além de atender às expectativas dos mais velhos, a nova turnê do grupo, que toca pela primeira vez em Curitiba, deve atrair a atenção de outras faixas etárias, com todo o vigor e energia característicos dessa combinação de ritmos. Para contar um pouco sobre a apresentação, a trajetória e o boom de músicas latinas nos últimos tempos, conversamos com Tonino Baliardo, um dos “cabeças” do Gipsy Kings, e principal guitarrista. Confira a entrevista! 

Bem Paraná — Vocês são conhecidos por misturar ritmos variados, o que levou o grupo a ser definido por alguns críticos como um dos precursores da World Music. Essa mistura era algo intencional, desde a criação do Gipsy Kings?
Tonino —
 Sim, essa busca sempre foi primordial para nós. Nós usamos o que sabemos, musicalmente falando, e o que aprendemos com a nossa cultura. Isso resulta nas nossas criações. Usamos não apenas nossas influências ancestrais, mas a música que ouvimos em todo o mundo.

Bem Paraná — Nos últimos tempos, o consumo de músicas latinas cresceu consideravelmente. Como vocês enxergam esse processo? Acreditam que essas canções servem para difundir a cultura dos países de origem latina?
Tonino —
Sim, acredito agora, mais do que nunca. A internet possibilita que todos escutem música, bandas muito mais facilmente do que antigamente, e isso acabou servindo para aumentar o interesse na cultura latina. E acredito que essa mesma cultura latina tem que estar mais presente em outras culturas pelo mundo, pois ela possui uma importância muito grande.

Bem Paraná — Em uma entrevista para o jornal O Globo, Nicolas (Reyes, vocalista) disse que o grupo não faria nada que estivesse fora da própria cultura. Vocês acreditam que a mistura de música eletrônica com ritmos fortes, como os latinos, pode descaracterizar esse estilo de som?
Tonino —
Sim, eu acredito que pode. Mas falando por mim mesmo, agradeço a oportunidade de trabalhar com todos os tipos de música. Isso é o mais estimulante, na minha visão: tentar criar algo sempre especial.

Bem Paraná — A trajetória do grupo já dura mais de 30 anos. A qual fator vocês atribuem a longevidade da história do grupo?
Tonino —
Nós amamos o que fazemos, e o público, ao redor do mundo, sempre nos apoiou. Eles escutam nossa música, comparecem aos nossos shows. Eles são a razão pela qual continuamos a fazer, durante tanto tempo, o nosso ofício. E continuaremos a fazer enquanto eles nos deixarem (risos).

Bem Paraná — Vocês possuem alguma lembrança dos shows que já realizaram no Brasil?
Tonino —
Possuímos sim. Nós amamos passear pelo Brasil, e as pessoas sempre foram muito generosas conosco. Cada vez que nos apresentamos aqui, guardamos uma memória especial. Ela serve para nos proporcionar a alegria e a celebração que realizamos no palco e, consequentemente, traduzirmos elas para a plateia. Isso, para nós, é o que faz toda a diferença. Não é necessariamente o lugar, mas sim, o povo brasileiro e a cultura daqui que torna o país tão especial.

Bem Paraná — É a primeira vez de vocês em Curitiba, e o retorno do grupo ao Brasil. O que o público pode esperar de surpresas em relação a essa turnê?
Tonino —
Sempre há uma primeira vez, nas turnês que realizamos, e isso é muito estimulante. Nós esperamos fazer um show que traga essa alegria e comemoração que carregamos conosco, para Curitiba. Não podemos adiantar muito, mas posso dizer que planejamos fazer um grande show, e uma grande festa. Estamos muito ansiosos por isso e mal podemos esperar para tocar para vocês.
Mas, pensando bem, vou adiantar algo para vocês sim (risos). Nos últimos anos levamos nossos filhos para tocar conosco, então posso revelar que faremos uma mistura do nosso show antigo, com um pouco do nosso novo show, justamente para fazer a ponte entre a velha e a nova geração. Nós queremos tocar algum material novo, assim como nosso material antigo. Alguns sons vocês podem conhecer, outros vocês talvez não conheçam muito. Mas construímos o repertório de modo a deixar o público satisfeito.


Biografia  

Já se passaram vinte e cinco anos, desde que os Gipsy Kings capturaram a imaginação do mundo, com seu álbum de estréia – um disco que se tornou um verdadeiro fenômeno, álbum de ouro e platina em todo o mundo, introduzindo milhões de ouvintes à uma mistura única e irresistível de estilos de flamenco tradicional com pop ocidental e ritmos latinos. 
Desde então, a banda vive continuamente em turnê, mantendo a mesma linha de músicos virtuosos e com mais de vinte milhões de álbuns vendidos. 
Vinte e cinco anos é uma eternidade na música pop, mas a história dos Gipsy Kings remonta muito mais longe. Uma música que se estende através das gerações, ao som de seus ancestrais, e reflete a história eclética dos ciganos, povo romani espanhol que fugiu da região da Catalunha durante a Guerra Civil Espanhola. 
 O grupo é, há 25 anos, liderado pelos dois compositores e produtores: Nicolas Reyes e Tonnino Baliardo. O pai de Nicolas, Jose Reyes, formou uma célebre dupla de flamenco com Manitas de Plata. Quando o casal se separou, Reyes se tornou ainda mais popular com sua própria banda, que contava com seus filhos como membros e se chamava Los Reyes. 
 Quando Reyes faleceu, em 1979, Nicolas e Tonnino começaram a tocar juntos na cidade de Arles, no sul da França. Eles viajaram por todo o país, vasculhando as ruas de Cannes, tocando onde quer que pudessem – casamentos, festas, festivais. Tendo adotado o movimento perpétuo do estilo de vida cigano, eles mudaram o nome da banda para os Gipsy Kings. 
 “World Music” é muitas vezes uma palavra sem sentido, um atalho de marketing, mas como um dos primeiros artistas que ajudaram a definir o seu significado, os Gipsy Kings criam músicas que realmente atravessam todas as fronteiras. Seu álbum de estréia de 1987, que passou quarenta semanas nas paradas de álbuns dos EUA, apresentou ao mundo o “Rumba Gitano” – o ritmo rumba da América do Sul, casado com as guitarras de flamenco. O álbum “Bamboleo” tornou-se um enorme sucesso mundial. 
 Ao longo dos anos, a música dos Reyes incorporou elementos de estilos latinos e cubanos, música árabe, reggae e guitarra de jazz, que lembra o mestre cigano francês Django Reinhardt, com intensa conexão com o tradicional flamenco, mantendo um foco no trabalho fluido de guitarra de Tonino Baliardo e nos poderosos vocais de Nicolas Reyes. Esse amplo mix cultural permitiu que os Gipsy Kings fossem acolhidos onde quer que tocassem – da China ao Brasil, de Nova Orleans à Rússia, da Austrália à África. 
 A música da banda também permaneceu visível ao longo dos anos, em toda a cultura popular. Eles, recentemente, apresentaram sua versão de “Volare”, que foi um sucesso internacional em 1989, em um episódio de Dancing with the Stars. Sua versão do “Hotel California” foi incluída no filme The Big Lebowski e na série da HBO Entourage. O filme de 2010, Toy Story 3, apresentou uma versão do Gipsy Kings do popular tema de Randy Newman, “Você tem um amigo em mim”. 
 Após o lançamento de seu álbum, Pasajero de 2006, os Kings olharam para o caos que dominava a indústria da música do século 21 e optaram por fazer uma pausa em novos projetos, mas eles nunca pararam de escrever material novo e desenvolver canções na estrada. Eles começaram a gravar SAVOR FLAMENCO em 2016, sentindo-se livres para escrever seus próprios arranjos, selecionar os músicos adicionais que queriam e produzir suas próprias músicas pela primeira vez.  
 Para a banda, o novo álbum representa um olhar para frente e um olhar para trás. Nicolas Reyes fala sobre “Samba Samba”, o single principal do SAVOR FLAMENCO, que “é uma música muito antiga dos nossos primeiros anos – foi escrita para festas, sol, alegria e praias”. 
 Os Gipsy Kings passaram notáveis duas décadas e meia no topo, numa categoria que é toda deles. No entanto, naqueles períodos ocasionais em que não estão em turnê, os membros da banda ainda vivem com suas famílias no sul da França, a área que definiu suas identidades e seu som. Cada vez, eles retornam ao seu enclave isolado e, em seguida, recriam a experiência dos imigrantes que chegam a uma nova terra. Certamente, suas vidas são diferentes das de seus ancestrais, mas algo fundamental ainda permanece; à medida que continuam a viajar pelo mundo, absorvendo novas culturas e estilos, essa mobilidade, curiosidade e adaptação impulsionam sua música para sempre. E tão ativo quanto esse coletivo notável permanece, eles também estão olhando para o que o futuro, a longo prazo, trará para os Reis Ciganos e para os laços familiares que definem o grupo. “Mesmo tendo passado 25 anos, queremos continuar fazendo novas músicas porque é a nossa vida, é quem somos”, diz Nicolas Reyes. “Mas acho que haverá um tempo em que passaremos os Reis Ciganos para nossos filhos.”


Serviço
Gypsy Kings

Quando: Dia 25 de Outubro, às 21 horas
Onde: Expo Unimed
Quanto: R$ 200 a R$ 1840 no www.diskingressos.com.br
Setores: Mesas Diamante para 4 pessoas / Mesas Ouro e Prata com venda individual / Camarote com venda individual