LISBOA, PORTUGAL (FOLHAPRESS) -A criação de uma escola pública portuguesa em São Paulo foi formalmente aprovada pelo governo de Portugal, após quase dois anos da assinatura do protocolo de intenções com o governo paulista.


O colégio, com previsão inicial previsto para entrar em operação em 2019, ainda não tem uma nova data de abertura estimada. 


O endereço, porém, já é conhecido: um prédio no Sumaré, na zona oeste, cedido pelo governo de São Paulo às autoridades portuguesas pelos próximos 20 anos. Como contrapartida, o estabelecimento de ensino terá 10% de suas vagas destinadas a alunos da rede pública estadual.


O colégio seguirá o currículo português de ensino e deve oferecer dupla titulação, permitindo que os estudantes ali formados sigam para o ensino superior tanto na Europa como no Brasil.


Os critérios de admissão e a quantidade de vagas, no entanto, ainda não foram definidos.


Após a decisão que deu sinal verde à construção da escola, o Conselho de Ministros (órgão do governo de Portugal) destacou a proposta da instituição: “integra-se numa nova geração de escolas públicas portuguesas no estrangeiro, caracterizadas por uma ampla autonomia administrativa, financeira e pedagógica e dispondo da possibilidade de adequação da oferta formativa às exigências de cada contexto”.


Na avaliação de  Paulo Nascimento, cônsul de Portugal em São Paulo, a escola vai estreitar ainda mais os laços entre as comunidades.


“Uma escola pública pode valorizar e ajudar a reforçar o laço entre os povos. Mais do que somente o ensino da língua, uma escola é um espaço de cultura”, considera.


“Está previsto que junto da escola exista um centro de formação de língua portuguesa. Isso dará aos professores [de colégios públicos e particulares] que o frequentem um espaço de formação, de atualização, de enriquecimento e de troca de experiências. Portanto, uma escola é muito mais do que somente a língua em que ela é veiculada”, completa o diplomata.


Segundo o cônsul de Portugal, neste momento estão sendo estabelecidos, entre autoridades lusitanas e paulistas, questões como o conteúdo pedagógico da escola, bem como as séries que serão oferecidas e a quantidade de vagas em cada turma.


A adequação da estrutura física do prédio do colégio, que deve obedecer tanto às regras portuguesas quanto às brasileiras, é um dos principais pontos em definição. 


Segundo o cônsul, após o local ter sido oficialmente cedido pelo governo paulista em março de 2018, os portugueses já “tomaram posse” do edifício, colocando seguranças e iniciando o “tratamento do espaço”.


PROJETO ESTRATÉGICO


A escola portuguesa de São Paulo, maior cidade lusófona do mundo, insere-se num ambicioso projeto do governo de Portugal para criar estabelecimentos de ensino que ajudem a difundir sua língua e cultura, bem como estreitar as relações com os territórios onde eles se inserem. 


Já existem escolas portuguesas em várias ex-colônias: Angola, Moçambique, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Timor Leste e Macau.


A criação do colégio de São Paulo, o primeiro do tipo no Brasil, é uma antiga reivindicação dos portugueses e lusodescendentes na cidade. Atualmente, há cerca de 240 mil cidadãos portugueses registrados no consulado de Portugal no estado.