SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O governo de Roraima negou nesta quinta-feira (27) a existência de um acordo com o ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, para ajudar no programa de repatriação de cidadãos do país caribenho promovido pelo regime.

A negativa está em um ofício enviado ao Ministério Público Federal (MPF), que pediu esclarecimentos sobre a visita da governadora Suely Campos (Progressistas), que concorre à reeleição, a Caracas no último dia 20.

Ao voltar a Boa Vista, Campos havia afirmado que ofereceria ônibus para transportar os migrantes venezuelanos da capital roraimense a Pacaraima, na fronteira, de onde partiriam em aviões do regime para outras cidades.

“Não houve a formalização de nenhum acordo para transporte de cidadãos venezuelanos da cidade de Boa Vista para Pacaraima. O encontro havido […] teve como pauta a questão energética”, diz o governo no documento.

As autoridades estaduais afirmam que a União tem sido omissa em relação à questão energética, que cita como “algo de responsabilidade da União, mas que o referido ente federativo jamais assumiu o protagonismo”.

Único estado brasileiro não ligado ao sistema elétrico nacional, Roraima enfrenta apagões nos últimos meses devido à falta de manutenção na linha de transmissão do Guri, que liga à usina hidrelétrica venezuelana homônima.

Além das falhas, o governo federal havia anunciado em agosto que não teria como pagar Caracas pela energia para o estado devido às restrições com as operações em dólar causadas pelas sanções americanas à Venezuela.

O estado disse que procurou diversos órgãos federais, sem receber resposta, e que, dias depois, a governadora se reuniu com o ministro Moreira Franco (Minas e Energia) para discutir a manutenção da linha de transmissão.

“Aventou a possibilidade de a Eletrobrás realizar a manutenção do Linhão de Guri. Verbalmente o ministro afirmou que seria necessária a autorização do governo da Venezuela, algo que foi tema do encontro havido em Caracas.”

Em sua solicitação, o MPF pediu também que a gestão Campos desse detalhes sobre a participação na repatriação, informações sobre o consentimento dos imigrantes e de se a iniciativa abrangeria também solicitantes de refúgio.

Cerca de 40 mil venezuelanos estão em Roraima, o equivalente a 8% da população do estado. A crise nos sistemas de saúde e educação e os casos de xenofobia e de brigas entre brasileiros e imigrantes tornaram a crise o principal tema da campanha eleitoral.

Nesta quinta (26), 39 venezuelanos foram levados para a fronteira pelo consulado venezuelano em Boa Vista como parte do plano do regime para levar de volta cidadãos do país.