Apesar do acordo fechado na noite de ontem, a desmobilização dos caminhoneiros autônomos pode não ser imediata. As próprias entidades que representam a categoria adiantam que ainda vão levar os detalhes do que foi dedicido para a categoria. Além disso, ainda é preciso esperar para saber como vão reagir os caminhoneiros ligados à Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam), que não assinou o acordo e promete manter os protestos. A Abcam representaria cerca de 700 mil trabalhadores no Brasil.

Já a Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA) representa 120 entidades sindicais, federações, associações e cooperativas dos caminhoneiros autônomos.  A suspensão da paralisação evita o agravamento de um quadro que se configurava a cada dia mais caótico. 

O governo federal e o comando de greve dos caminhoneiros autônomos firmaram, na noite de ontem, um acordo de trégua de 15 dias na greve geral deflagrada na segunda-feira. Neste período o governo garante que manterá o preço do diesel com valor 10% menor nas refinarias nos próximos 30 dias e que vai reduzir a alíquota da Cide sobre o diesel. 

O acordo foi fechado com  alguns dos sindicatos e federações dos caminhoneiros, mas com a ausência da Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam), que deixou a reunião iniciada na tarde de ontem antes do fim. “Todo mundo acatou a posição que pediram, mas eu não. Eu coloquei que respeito o que meus colegas pediram e estão sendo atendidos, que acho ser coisa secundária, e disse que vim resolver o problema do PIS, do Cofins e da Cide, que tá embutido no preço do combustível”, disse o presidente da Abcam, José da Fonseca Lopes.
Ele disse ainda que não fala em suspender a paralisação enquanto o Senado não aprovar a isenção do PIS/Cofins, projeto aprovado ontem pela Câmara .
Porém, o acordo foi assinado também pela Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA), que congrega as federações e sindicatos nacionais da categoria.

Os  pontos principais do acordo
Preço do diesel será reduzido em 10% e ficará fixo por 30 dias. O valor ficará fixo em R$ 2,10 nas refinarias pelo período
Os custos da primeira quinzena com a redução, estimados em $ 350 milhões, serão arcados pela Petrobras. As despesas dos 15 dias restantes ficarão com a União como compensação para a petrolífera
A cada 30 dias, o preço do combustível será ajustado conforme a política de preços da Petrobras e fixado por mais um mês
Não haverá reoneração da folha de pagamento do setor de cargas
Tabela de frete será reeditada a cada três meses
Ações judiciais contrárias ao movimento serão extintas
Multas aplicadas aos caminhoneiros em decorrência da paralisação serão negociadas
Entidades e governo terão reuniões períodicas
Petrobras irá incentivar que empresas contratadas dêem oportunidade caminhoneiros autônomos como terceirizados para prestação de serviços
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) vai contratar caminhoneiros autônomos para atender até 30% da demanda de frete. O governo editará uma medida provisória no prazo de 15 dias
Alíquota da Cide será zerada em 2018 sobre o diesel
Isenção do pedágio para caminhões que circulam vazios (eixo suspenso)
Solicitar à Petrobras que seja observada resolução da ANTT 420, de 2004, sobre renovação da frota nas contratações de transporte rodoviário de carga

Desabastecimento chegou ao limite no Paraná
A greve dos caminhoneiros autônomos deixou marcas dramáticas no Paraná nesta semana. Ontem, diversas cidades do Estado chegaram a ficar sem combustível nos postos, como Londrina, Foz do Iguaçu e Guarapuava, além do Litoral do Paraná. Em Curitiba, o transporte público só funcionou normalmente porque houve escolta da Guarda Municipal e da Polícia Rodoviária Federal de caminhões-tanque até as empresas de ônibus.
Outro setor que pedia uma solução urgente era a saúde por já estar no limite. A Federação dos Hospitais e Estabelecimentos de Serviços de Saúde no Estado do Paraná (Fehospar) divulgou uma nota alertando que a paralisação dos trabalhadores e os bloqueios realizados nas rodovias, já colocava em risco pacientes internados em hospitais do Paraná.
A Fehospar alertava que os hospitais já sofrem nesta semana com a falta de reposição de seus estoques de materiais, insumos e medicamentos e que os reflexos na assistência estariam evidentes a partir de hoje com a continuidade da greve. Da mesma foram, a entidade que representam os supermercados mostrava, obntem, o grande risco de desabastecimento nbo Paraná.
Restaurantes e bares de Curitiba também estão em alerta. O setor admitia, ontem, que pode até fechar no fim de semana. Deliveries também sentem a falta de combustível para as motocicletas, e também pode ser afetado se a situação não for normalizada hoje. Ao longo do dia, caminhoneiros haviam intensificado os bloqueios no Estado.