SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O governo da Espanha aprovou nesta sexta-feira (24) um decreto que permite a exumação dos restos mortais do ditador Francisco Franco com o objetivo de que seu mausoléu se transforme em um memorial para as vítimas da Guerra Civil Espanhola.

O assunto provoca divergências políticas no país e a decisão foi criticada pela família de Franco e pela oposição.

O decreto ainda precisa passar pelo Parlamento. Apesar do governo ter minoria na casa, a expectativa é que a medida seja aprovada com apoio do esquerdista Podemos e dos nacionalistas bascos e catalães.

O corpo do ditador está no Vale dos Caídos, monumento marcado por uma cruz de 152 metros que fica 60 quilômetros a noroeste de Madri.

Defensores da medida dizem que o local é o único monumento remanescente de um líder fascista na Europa. Segundo o projeto aprovado, a ideia é que o Vale dos Caídos vire um "lugar de comemoração, memória e homenagem às vítimas da guerra".

"Apenas os restos mortais das pessoas que morreram como resultado da Guerra Civil Espanhola devem ficar no Vale dos Caídos", disse a vice-primeira-ministra espanhola, Carmen Calvo.

O decreto reduz o risco de demandas legais que pudessem impedir a exumação, incluindo por descendentes de Franco. Durante seu governo, do fim da guerra civil, em 1939, até sua morte, em 1975, dezenas de milhares de pessoas foram mortas ou presas

Calvo disse que a previsão é que a exumação aconteça até o fim do ano. "Não há uma democracia comparável que tenha sustentado uma situação como a que sustentamos por mais de 40 anos", afirmou ela.

A questão é uma das prioridades do novo governo socialista, que assumiu no início de junho.

A oposição liderada pela sigla conservadora PP, porém, afirmou que pretende recorrer ao Tribunal Constitucional contra a exumação, pois considera abusivo o uso de um decreto-lei para um tema que não é urgente.

"Os socialistas estão mais interessados em abrir as trincheiras fechadas e as cicatrizes já cicatrizadas de nosso pior passado, ao invés de concentrar-se em nosso melhor presente", afirmou Pablo Casado, líder da sigla.