BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O presidente Michel Temer autorizou nesta terça-feira (28) a atuação das Forças Armadas em Roraima, estado que enfrenta crise migratória dos venezuelanos.

Em reunião com ministros no Palácio do Planalto, o presidente decidiu assinar uma GLO (Garantia da Lei e da Ordem) para que militares atuem na segurança pública.

Há duas semanas, Temer havia sinalizado a possibilidade de emprego das Forças Armadas, ao divulgar uma nota sugerindo que a medida fosse solicitada pela governadora de Roraima, Suely Campos (PP). Ela tem criticado o governo federal, argumentando que o estado não tem condições de receber mais venezuelanos.

Desde 2015, mais de 120 mil migrantes cruzaram a fronteira com o Brasil para fugir de dificuldades enfrentadas na Venezuela, onde sob o regime de Nicolás Maduro falta comida e remédios. Cerca de metade deles permanece no Brasil, quase todos em Roraima.

Campos reclama de falta de recursos para atender questões como segurança pública, saúde e educação.

O governo enviou recentemente reforço de 120 homens da Força Nacional para auxiliar o estado. Além disso, o Planalto tem defendido a política de interiorização, de transferir migrantes para outros estados do país.

O estado também enfrenta aumento nos casos de xenofobia, com conflitos pontuais eclodindo e relatos de perseguição dos venezuelanos pelos brasileiros.

A medida é anunciada um dia depois de o senador Romero Jucá (MDB-RR) ter comunicado a Temer que deixaria a liderança do governo no Senado por divergir do Planalto sobre a crise migratória.

O senador, que é presidente do MDB, insiste na tese do fechamento da fronteira de seu estado com a Venezuela. Candidato à reeleição, ele enfrenta dificuldades por estar em terceiro lugar nas pesquisas de intenção de votos.

O governo federal é contrário ao fechamento da fronteira sob o argumento de que isso agravaria a crise humanitária e mostraria um descumprimento por parte do Brasil de pactos internacionais.

Após cerimônia no Palácio do Planalto nesta terça, o ministro Eliseu Padilha (Casa Civil) descartou a possibilidade de envio de mais dinheiro para Roraima, como pede a governadora.

"Dinheiro não resolve nada neste momento. Nós estamos com um serviço de saúde custeado pelo governo federal, o ministério do Trabalho, a Polícia Federal, Receita Federal. Enfim, os órgãos que estão cuidando dos venezuelanos são de responsabilidade do governo federal. O serviço de saúde do município e do estado já foram supridos com recursos do Ministério da Saúde", disse.