A greve dos caminhoneiros acabou há cerca de três semanas. Mas no Paraná, os efeitos da paralisação deverão ser sentidos ainda por um longo tempo pela população. Leite, frango e hortifrúti foram os mais afetados para a alta. As altas de preços chegam a 65%.
De acordo com Rogério Pryjmak dos Santos, coordenador do Disque Economia da Prefeitura de Curitiba (serviço responsável por pesquisar, diariamente, o preço de diversos itens nos supermercados da cidade), o problema principal foi a falta de fornecimento, que acabou resultando no estrago de alguns produtos e na morte de animais. Ademais, neste momento não há perspectiva para que a situação seja normalizada “tão cedo” na Capital.
“O principal impacto (da greve) foi na questão do fornecimento dos produtos, principalmente hortifruti, que não tem como fazer estocagem e apodrece muito rápido. A questão do frango também, devido à mortalidade do animal por não ter ração, acabou dando uma elevada boa nos preços”, explica o especialista.
A base de dados do Disque Economia, disponíveis ao público no portal de dados abertos da Prefeitura de Curitiba (http://www.curitiba.pr.gov.br/dadosabertos/)[, corroboram com as afirmações de Rogério. 
Comparando o preço dos produtos em 17 de maio, um dia antes do início da paralisação, com os valores cobrados ontem pelos mercados, temos variações que chegam até 65%. É o caso da banana caturra, cujo quilo custava R$ 1,81 e agora está saindo por R$ 2,98, alta de 64,64%. Já o valor do quilo repolho subiu 40,37%, passando de R$ 1,61 para R$ 2,26. 
Com relação ao leite longa vida (integral e desnatado), a alta no período analisado foi de aproximadamente 35,9%. Em 17 de maio, o litro do produto saía por R$ 2,51. Hoje, está saindo por R$ 3,40 (leite desnatado) ou R$ 3,41 (leite integral). Com relação ao frango, a variação ficou entre 2,05% (frango em pedaço coxa-sobrecoxa) e 14,30% (frango inteiro congelado). No primeiro caso, o valor passou de R$ 7,31 para 7,46. No segundo, saltou de R$ 5,38 para R$ 6,15 – variação parecida com a do frango em pedaço peito com osso, cujo valor subiu de R$ 8,06 para R$ 9,18 (alta de 13,90%).

Não há perspectiva para normalização dos preços
Ainda segundo o coordenador do Disque Economia, não existe perspectiva para uma normalização dos preços para tão cedo. “O frango, por exemplo, vai de 15 a 20 dias para normalizar o fornecimento e começar a baixar o preço. Hortifruti aos poucos está voltando, mas como logo entra a entressafra, o preço talvez até baixe um pouco, mas não vai voltar a ser como antes da greve”, finaliza.
“O produtor teve prejuízo. Frango morreu, a colheita atrasou e agora teve o acerto do governo com os caminhoneiros, o que fez subir o valor do frete. E isso tudo é repassado para os fornecedores, que no final também acabam tendo de aumentar o preço do produto para o consumidor ”, aponta Santos. 
Além dos problemas ocasionados pela paralisação ocorrida no último mês, em 7 de junho a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) publicou uma nova tabela com preço mínimo do frete para o transporte rodoviário de cargas, o que fez subir o valor do serviço em todo o país. E quem acaba pagando por isso tudo é  consumidor.
 

Os campeões do ´reajuste´

Produto

Preço em 17/05

Preço em 21/06

Variação

Leite Longa Vida

R$ 2,51

R$ 3,41

35,90%

Frango inteiro congelado

R$ 5,38

R$ 6,15

14,30%

Frango em pedaço peito com osso

R$ 8,06

R$ 9,18

13,90%

Frango em pedaço asa

R$ 10,99

R$ 11,39

3,64%

Frango em pedaço coxa-sobrecoxa

R$ 7,31

R$ 7,46

2,05%

Banana Caturra

R$ 1,81

R$ 2,98

64,64%

Repolho

R$ 1,61

R$ 2,26

40,37%