Divugação

Muito frequente entre as crianças, a colocação de corpos estranhos dentro das narinas é um dos principais motivos de procura especializada à serviços de pronto atendimento (urgência e emergência) em otorrinolaringologia, e representa cerca de 15% dos casos.

Feijão, milho, arroz, peças pequenas de brinquedos são os itens mais comuns, em torno de 25% dos casos. A médica otorrinolaringologista, otoneurologista e Chefe do Grupo de Pesquisa em Zumbido do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, Jeanne Oiticica, conta que a faixa etária de maior prevalência é de um a três anos de idade.

Provavelmente porque nessa fase a tendência é levar objetos à boca, nariz ou ouvido, por características do desenvolvimento neuropsicomotor, como imaturidade física/mental, curiosidade, incapacidade de prever perigo, falta de noção espacial e corporal, pouca coordenação motora, tendência a imitar o comportamento dos adultos, entre outras, ou até mesmo da personalidade de algumas crianças (hiperativa, distraída, impulsiva).

A seguir, Jeanne orienta o que fazer se uma criança colocar algo dentro nas narinas.

1) Como identificar se a criança está com alguma coisa no nariz?

Rinorreia (secreção catarral que drena, em geral,  apenas por uma das narinas, a não ser que tenha ocorrido a introdução em ambas as narinas o que não é habitual) unilateral e mal cheiro nasal são os principais sintomas. O predomínio é no sexo masculino, 54%.

2) O que os pais devem fazer? Tentar tirar em casa mesmo?

Nunca. A tentativa de retirada de corpo estranho fora de ambiente especializado poderá deslocar o mesmo para locais mais profundos da via aérea, com risco direto sobre a capacidade de respirar. Em casos de deslocamentos pode ser necessária a remoção do corpo estranho em centro cirúrgico.

3) Quais os riscos desses objetos/alimentos dentro do nariz? Pode ocorrer sufocamento?

Sim, uma das possíveis complicações é o sufocamento, em especial quando a retirada do corpo estranho é tentada fora de unidade de pronto atendimento especializada. A taxa de internação é de cerca de 4% e a taxa de óbito pode chegar a 0,7%.

4) Quais dicas que a Sra. pode passar aos pais para tentar prevenir o incidente?

A maioria desses acidentes ocorrem em domicílio pelo grande número de objetos e de situações de risco. Entretanto, em apenas 5% dos casos o menor encontra-se desacompanhado, ou seja, a simples presença do adulto pode não ser suficiente, em especial se o mesmo estiver ocupado ou atento a outra atividade.

Para prevenção a dica é modificar o ambiente domiciliar, o posicionamento dos objetos presentes no lar, para que o que for potencialmente perigoso fique longe do alcance das crianças, e redobrar a atenção aos menores.