SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) – Com três vitórias seguidas e 43 pontos na tabela, o São Paulo abriu vantagem para as últimas colocações e praticamente diminuiu a possibilidade de rebaixamento. Mais do que isso, na visão do capitão Hernanes, o time voltou a ser temido pelos adversários.

“Quanto ao respeito pelo São Paulo, acredito que está voltando. Mas acho que no futebol as coisas mudam rápido. A qualidade do time em si que coloca respeito e preocupação no adversário. É como o time está jogando e se comportando”, disse o meia em entrevista coletiva nesta terça (7). “É uma faca de dois gumes. Só joguei em times como o São Paulo e os adversários têm motivação extra para nos enfrentar. Se a gente não conseguir se motivar como o adversário, damos vantagem a eles. Se o time não está bem, não impõe respeito, o adversário toma proveito. É bom que estamos recuperando. Faz com que o adversário se motive e preocupe. Isso é bacana e estamos conseguindo reconquistar”, completou Hernanes.

Para evoluir e criar seus objetivos, o meio campista se inspira em outro ídolo do esporte. Segundo o meia, parte da sua filosofia vem do velocista jamaicano Usain Bolt, tricampeão olímpico e recordista mundial dos 100 m e dos 200 m. “Lendo, aprendi a pensar como Usain Bolt, ele nunca pensou em bater recorde, só queria correr o mais rápido possível e vencer as corridas. Bater os recordes era consequência, a cereja na torta. Tem que se dedicar aos treinos, aos jogos, e tudo é resultado da consistência e regularidade”, afirmou o jogador, que evita falar em Libertadores até o São Paulo atingir a meta de 47 pontos na competição.

“É algo possível [a Libertadores], sabemos disso. O final do campeonato pode ser a diferença, mas a firmeza tem de ser mantida. É como dizem: ‘mirem o sol porque, se você errar, estará nas estrelas’. Se a gente conseguir atingir o nosso objetivo o mais rápido possível, também vamos começar um caminho para atingir outros objetivos, não é necessário mudar o foco. Se atingirmos o mais rápido possível, vamos trilhar para metas maiores. É paciência. Alguns dias a mais e poderemos falar do que vocês querem”, brincou o capitão. Um dos responsáveis por fazer esse respeito dos adversários voltar e de o São Paulo ter metas no Brasileiro é o próprio meia. Desde o seu retorno ao país, em julho, ele disputou 16 partidas pelo São Paulo e marcou nove gols. “Falo que é muito legal isso, quando você toma uma postura e as coisas acontecem no mesmo caminho. Como tinha falado, na China após me encontrar, tomei uma decisão de que daquele momento em diante eu entraria em campo para realizar o que mais sei fazer, que é finalizar. Minha maior habilidade é o chute, tomei essa decisão. Colocar isso em prática. Graças a Deus, de falta, de pênalti, de alguma maneira as coisas estão acontecendo. É bacana ver os resultados. Tudo começa com uma postura, é realmente bem bacana esse momento”, disse o jogador. “Quanto aos números, se não estivesse no São Paulo, poderia estar outro que daria a contribuição. Até porque se está no no São Paulo, tem qualidade suficiente para fazer algo”, completou o meio campista.

Confira outros trechos da entrevista:

SELEÇÃO BRASILEIRA — “Na verdade, sempre pensei na seleção, sempre foi um objetivo. Tudo que fiz nos últimos anos foi buscando um crescimento, algum objetivo. Na Juventus, joguei um pouco mais de um ano em uma posição improvisada, que não gostava, como primeiro volante. Foi um período bacana, em que evolui e cresci. Mesmo com dez anos de futebol aprendi coisas sobre futebol. Na China, foi importante porque tomei uma posição, foi algo muito diferente de tudo que tinha feito. Antes, o treinador me colocava em uma posição e me adaptava. Na China, decidi qual seria minha posição para ajudar, onde iria render mais. Cada etapa que passei foi um crescimento, e a seleção sempre foi um objetivo.”

CLIMA NO CLUBE — “Só estamos conseguindo ter reação porque nosso ambiente antes, independentemente do momento ruim, sempre foi muito bom. O grupo não teve problema, tudo foi resolvido com transparência. Isso foi fundamental para começarmos nossa reação. É muito bacana que o grupo nunca se abalou, não deixou o momento interferir na convivência. Se não estivéssemos bem, seria muito difícil. Há muito mais alegria, entusiasmo, risadas, cada um participa da sua maneira. Nunca fui muito de puxar essa questão, de fazer a galera se divertir, mas é um momento tão feliz que as coisas mais simples acabam sendo motivo de descontração, de dar risada. Estamos aproveitando cada detalhe para estar bem.”

CAPITÃO — “Engraçado até quando aconteceu aquele episódio de o Pratto me dar a faixa, eu não esperava. Sempre fui um cara na minha, tímido, não falava muito, tinha maneira especial de falar, diferente um pouco da maior parte da galera, sempre fui quieto e tranquilo. Quando assumi o posto de capitão, fiquei curioso para saber como iria levar, Mas, mesmo sendo como sou, colocar o meu lado desta maneira, sem tentar ser diferente do que sou, consegui ter uma liderança que vem com a experiência, resultados, boas performances e dedicação. Isso vale mais do que qualquer palavra ou coisa que se possa dizer. Mais do que isso, sou um profissional apaixonado por futebol, isso vale mais.”

CUEVA — “Tem sido importante, decisivo. Apesar da pouca idade, ele tem experiência grande, consegue segurar a bola, tem visão de jogo. Com certeza é uma perda considerável [desfalcar o time para servir a seleção peruana]. Mas, no elenco, temos peças suficientes para entrar no lugar dele e dar conta do recado. “

PERMANÊNCIA — “Quando falei [possibilidade pequena de ficar], pensei mais no clube chinês, tenho dois anos de contrato lá. Seria algo improvável de acontecer: eu, com 32 anos, e alguém me comprar por um valor alto. Acho difícil essa transação, é mais viável o empréstimo. Mas não cabe a mim essa situação.”