MARIANA VICK

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A instalação que homenageia a escritora Hilda Hilst, na Biblioteca Mário de Andrade, centro de São Paulo, abriu as atividades da 14ª Virada Cultural com animação e sucesso de público.

Iniciando a programação de peças de teatro, o monólogo “O Caderno Rosa de Lori Lamby”, que Hilst escreveu sobre uma garota que revela fantasias sexuais, lotou o auditório de 150 lugares da biblioteca às 18h deste sábado (19).

Além do ciclo de peças, a instalação “Hilda Hilst – Uma Ocupação que Pretende Proporcionar ao Público Uma Imersão no Universo da Escritora” tem microfones abertos para leitura, espaço para confecção de cartazes e tecidos caindo do teto com passagens de poemas e roteiros como “Osmo”. Pelo menos outras 50 pessoas estavam lá.

Na entrada da exposição, o público pode degustar diferentes chás de ervas (hortelã, cidreira, manjericão e melissa) à vontade. O objetivo, segundo o artista responsável pela instalação, Renato Salgado, 33, é criar o clima da Casa do Sol, sítio em Campinas onde Hilda viveu e escreveu a maior parte de suas obras.

Foi na Casa do Sol que a escritora estreitou as relações com Caio Fernando Abreu, que, entre 1969 e 1971, morou com Hilda em Campinas como que num retiro para dedicar-se à literatura. Por sua aproximação com a obra de Hilda –densos, ambos escreveram sobre amor, erotismo, a transcendência e a condição humana–, Caio também é homenageado na instalação na Virada.

No sábado, a primeira leitura nos microfones foi da atriz Rosi Campos, que considera Hilda “uma das grandes escritoras universais”. No corpo, a atriz optou por um vestido igual aos tecidos da instalação, com versos de Hilda.

Depois de décadas com pouco reconhecimento de sua obra, Hilda Hilst “despertou no inconsciente coletivo”, opinou Renato sobre o sucesso de público. “A liberdade e o vigor dela tornam muito prazerosa a leitura de suas reflexões. Acho que é um ponto onde as pessoas podem se apoiar.” 

A escritora é a homenageada da Flip deste ano.

A biblioteca segue com a programação sobre Hilda Hilst no domingo (20), até. Haverá peças e leituras de textos de Hilda e Caio Fernando Abreu de duas em duas horas -até as 2h, na primeira noite, e a partir de 12h na tarde seguinte. Para garantir um ingresso, é preciso chegar com antecedência.