Um estudo inédito realizado na escola de Medicina do Hospital Mount Sinai, de Nova York, constatou uma contínua e acentuada redução na contagem total de espermatozóides em homens de países ocidentais. O resultado da pesquisa – que tem entre os autores o professor Anderson Joel Martino Andrade, do Departamento de Fisiologia da UFPR – indica um problema de saúde pública e a redução da fertilidade masculina. O estudo foi publicado na quarta-feira (26) na principal publicação científica mundial da área de Biologia Reprodutiva e Ginecologia e Obstetrícia, a Human Reproduction Update.

O trabalho – intitulado Temporal trends in sperm count: A systematic review and meta-regression analysis (Tendências temporais na contagem de esperma: revisão sistemática e análise de meta-regressão) – baseia-se na análise de 185 estudos relativos a contagem de espermatozóides, realizados entre 1973 e 2011. Os pesquisadores constararam que a contagem total de espermatozóides entre os homens da América do Norte, Europa, Austrália e Nova Zelândia caiu mais de 50% em menos de 40 anos. Na América do Sul, Ásia e África não foi constatado um declínio significativo, mas isso pode estar associado ao número reduzido de estudos sobre o tema nessas regiões.

O artigo publicado afirma que os dados sugerem fortemente um declínio significativo na saúde reprodutiva masculina que, por sua vez, tem sérias implicações além da fertilidade e da reprodução, dadas as evidências recentes que ligam a baixa qualidade do sêmen com maior risco de hospitalizações e morte.

O professor Anderson Martino Andrade participou do estudo durante seu pós-doutorado na Escola Icahn de Medicina do Hospital Mount Sinai, em Nova York. Ele explica que a pesquisa não teve o objetivo de examinar as causas do problema, mas que, com base nos dados, é possível apontar algumas hipóteses. Como o declínio na contagem de espermatozóides foi rápido e acentuado, é bom possível que esteja associado a fatores ambientais, como tabagismo e estresse materno e exposição a substâncias químicas, especialmente as de atividade endócrina, como pesticidas, plastificantes e aditivos de cosméticos, afirma.

Segundo ele, novos estudos – alguns já em curso – devem aprofundar a pesquisa sobre as causas do declínio. O próprio Martino Andrade já lidera pesquisas sobre o assunto no Laboratório de Fisiologia Endócrina e Reprodutiva da UFPR. Nós temos um estudo piloto com 50 gestantes, que analisou a presença de algumas dessas substâncias na urina, e devemos ampliar esse trabalho a partir do ano que vem, informa.

Além do professor da UFPR, são autores do estudo os professores Shanna H. Swan (em cujo laboratório no Icahn School of Medicina, de Nova York, Martino Andrade fez o pós-doutorado) e Hagai Levine (Universidade Hebraica Hadassah Braun – Escola de Saúde Pública e Medicina Comunitária de Jerusalém) .

O artigo está disponível em: https://academic.oup.com/DocumentLibrary/humupd/PR/dmx022_final.pdf.