Maior ídolo da história do Avaí, com 94 gols em 400 jogos, Marquinhos Santos se aposentou em março passado e hoje exerce a função de diretor de futebol do time catarinense. Ao comentar a atual fase da equipe, o ex-meio-campista de 37 anos exaltou o investimento que vem sendo promovido para a melhoria da estrutura do clube e do próprio estádio da Ressacada, o que ele crê que poderá ter um impacto importante para o sucesso da equipe dentro de um curto prazo.

“A gente investiu R$ 200 mil no departamento médico, R$ 900 mil na musculação, R$ 300 mil a R$ 400 mil no CT com reforma dos campos, recapeamos o estacionamento do clube, demos uma geral no estádio, na sua cobertura. Tudo isso custa dinheiro, exige investimento, mas o que nos deixa preocupado é que os resultados não vêm. O Avaí não mexia em sua academia desde 2011. Com certeza, lá na frente vamos colher frutos, pois o time que não investir em estrutura vai ficar para trás”, disse Marquinhos em entrevista ao Estado.

Entretanto, o agora novato dirigente admite que as vitórias precisam começar a acontecer logo e cobrou personalidade dos jovens jogadores do elenco, embora admita uma carência do time por um jogador de maior destaque que poderia ajudar a equipe a reagir nesta segunda metade da temporada.

“Essa mudança de Série B para a Série A tem alguns jogadores que sentem. Quando eu estava dentro de campo, eu era uma referência para os mais jovens, mas eu não posso mais jogar. Porém, os mais jovens aqui já têm idade para serem pais, então têm de assumir as suas responsabilidades”, ressaltou Marquinhos, que também lembrou de um grande desafio enfrentado no início de sua carreira. “Com 18 anos, eu tive de encarar um Bayer Leverkusen (que o contratou junto ao Avaí em 2000) e o time foi à final da Liga dos Campeões (em 2001, quando foi batido pelo Real Madrid). Os jogadores têm de saber a importância de jogar uma Série A”, disse.

O dirigente exaltou a necessidade de o Avaí dar um passo de cada vez e não deixar a sua campanha ruim abalar a confiança dos jogadores. “Quando conseguimos o acesso, a gente já sabia que o Brasileiro seria muito difícil. E não faço matemática para o final do ano, faço apenas para o próximo jogo”, destacou. “O trabalho está sendo feito com os pés no chão e demorou um pouco para o time se acostumar com a Série A. E, se for no talento, temos que tentar vencer na força ou de outro jeito”, reforçou.

Marquinhos também garante que os investimentos feitos na estrutura do clube não atrapalharam no processo de formação do elenco deste ano, mas reconhece que a fase ruim do time dificulta a missão de trazer bons reforços. “São poucos os jogadores que querem abraçar este projeto e este desafio, a dificuldade é muito grande. E a gente sabe que não vai tirar nenhum reserva imediato de nenhum time grande. Hoje ninguém está liberando jogador facilmente, mas, com 100% de certeza, acho que devemos apostar nos nossos jogadores. O objetivo nosso é a permanência na elite e revelar jogadores, e essa última coisa o clube vem conseguindo fazer desde 2013”, opinou.

O equilíbrio financeiro atual do Avaí também foi exaltado pelo dirigente, mas ele ao mesmo tempo lembra que as contas pagas não são garantia de sucesso dentro de campo. “A gente tem que cumprir as nossas obrigações, que é pagar em dia. A gente tem de ser homem e digno daquilo que a gente prometeu. A gente trata o clube como uma empresa de respeito. Com o salário em dia, a gente acha sempre que o time vai render, mas futebol não é uma ciência exata”, destacou.