SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Embora tenha feito todo o ensino básico em escolas públicas, Rubia Muniz Arruda, 18, sempre acreditou que chegaria ao ensino superior.

Em 2017, ingressou na faculdade, fronteira que nem o pai, taxista, nem a mãe, cabeleireira, haviam cruzado.

Depois de fazer um cursinho dos alunos do Insper para jovens de baixa renda, passou no vestibular da própria instituição. Com bolsa integral, estuda administração de empresas na faculdade privada.

Antes, Rubia já havia cruzado outras fronteiras marcantes. Participou de uma competição na Índia, após ser premiada na Olimpíada Internacional Matemática Sem Fronteiras, no Brasil. Conseguiu uma bolsa para um curso curto na Universidade Yale, nos EUA.

Esteve na Colômbia, onde foi premiada pelo aplicativo We-Sci, que criou com colegas. A invenção, que busca divulgar várias olimpíadas, recebeu incentivo da Prefeitura de São Paulo para ser desenvolvido.

A jovem não se queixa das quatro horas de ônibus diárias para ir de Pirituba, na zona norte de São Paulo, onde vive com a família, até o Insper, na Vila Olímpia, na zona oeste.

Segundo ela, o incentivo dos pais foi crucial. “Para quem não tem uma estrutura familiar boa, é muito mais difícil.”

Nesses casos, a responsabilidade da escola é dobrada, opina a estudante. O problema, em sua visão, é que as escolas públicas, muitas vezes, não vão além do “básico”. “Eu recebi apoio dos professores no ensino fundamental, mas não havia incentivo para irmos além.”

Por acreditar que poderia ir mais longe, Rubia prestou prova para uma instituição de ensino técnico e passou. Lá, ficou sabendo das oportunidades que mudariam sua vida.

“Se o aluno não tem incentivo familiar para estudar, ele vai buscar isso na escola. Não encontrar isso na escola é uma grande frustração.”