RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – Indicado pelo presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), para comandar o BNDES, o economista Joaquim Levy defendeu em seu primeiro discurso atenção aos impactos das mudanças climáticas sobre a economia, tema controverso entre membros do primeiro escalão do próximo governo.

Durante encerramento de seminário sobre o futuro dos bancos de desenvolvimento, Levy citou sustentabilidade e educação como prioridades, e disse que dará seguimento ao processo de reestruturação do BNDES, usando como exemplos processo semelhantes em instituições globais.

“Em particular em um país como o Brasil, que tem o setor agrícola extremamente importante, nós temos que estar atentos às condições ambientais”, afirmou Levy, que deixou cargo no Banco Mundial após convite de Bolsonaro para assumir o BNDES a partir do início de 2019. 

“No Banco Mundial, a gente experimenta em muitos países o impacto de eventos climáticos extremos e como isso pode levar a uma retração do desenvolvimento, com impacto particularmente nas pessoas mais pobres”, continuou ele.

Crítico do Acordo de Paris, que impõe metas para conter o aumento da temperatura do planeta, Bolsonaro pediu no fim de novembro que o governo Temer retirasse a candidatura do Brasil para sediar em 2019 Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas. 

Seu nomeado para o Ministério das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, diz que o discurso sobre as mudanças climáticas é “dogma marxista”.

“Nos países que têm a agricultura, a lavoura, como sendo um setor importante, você tem que estar atento a qualquer mudança que possa haver e com os impactos que podem haver”, reforçou Levy, em seu discurso no BNDES.

O futuro presidente do banco falou por dez minutos e saiu sem dar entrevistas. No evento, parceria do BNDES com o Cebri (Centro Brasileiro de Relações Internacionais) da FGV, foram discutidos, além de clima e educação, questões como segurança jurídica e inovação.

O futuro presidente do BNDES disse que espera dar continuidade ao papel de reestruturação do banco e disse que uma das prioridades será a transparência —tema geralmente mencionado por Bolsonaro quando fala do banco, que prometeu “abrir a caixa-preta” da instituição, gerando críticas entre seus funcionários.

“O elemento de transparência vai ser cada vez mais importante”, afirmou Levy. “Inclusive para dar segurança e conforto para todo o corpo técnico, que é extraordinário”, completou.