SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A indústria automotiva teve mais um ano de recuperação em 2018 e projeta avanço nas vendas em 2019, mas registra sinais negativos nas exportações, em especial por causa da crise na economia Argentina. 


A Anfavea, associação que representa o setor, estimou nesta terça-feira (8) crescimento de 11,4% nas vendas de carros, comerciais leves, caminhões e ônibus novos em 2019 -o que eleva a projeção de unidades a serem vendidas no ano para 2,86 milhões


Com 2,57 milhões de veículos licenciados em 2018, as vendas do setor registraram crescimento de 14,6% em relação a 2017. O número supera expectativas anteriores, que indicavam uma alta de 13,7%.


A produção registrou aumento de 6,7%, totalizando 2,88 milhões de unidades.


O mês de dezembro foi considerado positivo pela Anfavea, com 234,5 mil veículos licenciados, alta de 1,6% em relação a novembro, apesar de ter 3 dias úteis a menos. Na comparação com dezembro de 2017, a alta foi de 10,3%. Foi também a melhor média diária de emplacamentos desde dezembro de 2014, com 12,3 mil no mês. 


O destaque da trajetória de recuperação foi o segmento de caminhões, que alcançou alta de 46,3% no ano. A maior parte do avanço ficou nos modelos pesados (85,5%), impulsionados pelo transporte de grãos e logística do agronegócio.


Segundo a Anfavea, ainda falta uma retomada consistente dos setores de serviços e comércio para que os outros segmentos, de veículos leves e semipesados também voltem a registrar crescimentos robustos. 


O mercado automotivo tem sustentado o desempenho geral da indústria: respondeu por 70% do avanço geral de todo o setor industrial em 2018, ante uma fatia de 50% no ano anterior. 


O presidente da Anfavea, Antonio Megale, no entanto, alerta para a queda nas exportações, afetadas em especial pelo desempenho argentino. 


“Infelizmente, a exportação, como já tínhamos observado nos últimos meses, continuou muito fraca”, disse Megale.


Foram 31,7 mil unidades de veículos leves caminhões e ônibus exportados em dezembro de 2018, ante 61,1 mil no mesmo mês do ano anterior, de acordo com os dados da Anfavea. A queda foi de 48,1% na comparação com dezembro de 2017.


Também houve uma queda de 7,9% em relação a novembro, reiterando persistência da tendência de queda. No acumulado do ano, as exportações ficaram em 629,2 mil, queda de 17,9% ante 2017, que havia alcançado recorde de 766 mil.


“Havia uma previsão no começo do ano passado de que se chegasse a 1 milhão ou próximo disso, mas acabou fechando abaixo de 800 mil. Com isso, sofremos muito nas exportações”, disse Megale.


Outro parceiro importante, o México também apresentou dificuldades. “Tivemos números positivos para o Chile, a Colômbia e outros países. Mas esperamos que 2019 ainda vai ser um ano bastante complexo. Vamos ter problemas nas exportações”, disse Megale.


Também por causa da deterioração nas vendas para a Argentina, a Anfavea registrou queda nas exportações de máquinas agrícolas e rodoviárias (queda de 15,7% em relação a novembro e mais de queda ante dezembro anterior).