Marcelo Camargo/ Agência Brasil

Um inquérito em que o presidente Michel Temer é citado, que investiga a “compra do PMDB", por US$ 40 milhões, é parte da ação que deu origem à fase de número 51 da Operação Lava Jato, deflagrada nesta manhã de terça-feria,8. Um dos fatos que integra a operação é a delação do ex-executivo da Odebrecht Márcio Faria, já homologada pelo Supremo Tribunal Federal. Ele afirmou em depoimento no ano passado que participou, em 2010, de uma reunião comandada por Temer, em que participaram os então deputados Eduardo Cunha e Henrique Eduardo Alves.

Essa parte do inquérito ainda está em sigilo, nas mãos da Procuradoria-Geral da República, por tratar de políticos com foro privilegiado. Segundo o procurador Roberson Posobom, a outra parte, que trata do esquema de lavagem de dinheiro, envolvendo operadoras, doleiros e agentes da Petrobras foi remetida a Curitiba. 

A ação como um todo investiga propina de cerca de 200 milhões de reais com origem em um contrato 825 milhões de dólares para prestação de serviços de segurança, meio ambiente e saúde na área Internacional da Petrobras, celebrado com a Odebrecht.

Essa operação, chamada de Déjà Vu, mira executivos da Petrobras que já foram condenados no tribunal de justiça do Rio de Janeiro. O tj encaminhou para a Procuradoria-Geral da República que remeteu o processo à Força-tarefa Lava Jato. A Lava Jato, por sua vez, por ter acesso ao sistema de contabilidade paralela da Odebrecht e ter firmado acordo com o ministério público da Suíça, pôde identificar o esquema de lavagem de dinheiro, envolvendo operadores. 

Entre os alvos está Ângelo Tadeu Lauria, suspeito de operar propina para políticos do PMDB, que teve prisão temporária decretada. Lauria é um dos sócios da Rodopetro, distribuidora de petróleo. Ele seria sócio do lobista João Augusto Henriques e de Felipe Diniz, filho do deputado Fernando Diniz, do PMDB de Minas Gerais, morto em 2009. Lauria tinha o apelido de “meia branca” e “voz”, na planilha da Odebrecht. O engenheiro da Shain Sérgio Boccaleti também é alvo de prisão temporária.

Entre os alvos de prisão preventiva, sem prazo para terminar, está o engenheiro Mario Ildeu de Miranda, que seria operador financeiro, e está no exterior. Ele ainda não foi preso. O MPF acionou a Interpol para notificar Miranda. Ele está em Portugal.

Os outros presos preventivamente são o técnico de inspeção de esquipamentos, que já trabalhou na Transpetro e foi transferido para a Petrobras, Ulisses Sobral Calile; o ex-funcionário da Perrobras Rodrigo Zambrotti Pinaud; e o engenheiro, ex-gerente-geral da área Internacional de Petrobrás Aluísio Teles Ferreira Filho, apelidado na planilha da Odebrecht como “acelerado”.

Ambos, segundo o MPF, controlavam contas no exterior abastecidas com propina. Essa fatia da investigação permitiu, por colaboração com o ministério público suíço, o bloqueio de sete milhões de dólares de Mário Miranda; seis milhões e duzentos mil de Aluízio Teles; três milhões de Ulisses Sobral; e três milhões e cem mil de Sérgio Bocalletti. Todos os valores estavam em contas na Suíça.