SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Irlanda do Norte deve permanecer na união aduaneira e no mercado comum europeu após a saída do Reino Unido da União Europeia, alertou a UE aos negociadores britânicos, segundo informou o diário “The Guardian” nesta sexta-feira (9).  Pelo texto que Bruxelas espera que Londres assine, a Irlanda do Norte permanecerá sob legislação da UE ao fim do período de transição de 21 meses.  A medida deve gerar atritos tanto entre britânicos e autoridades europeias, quanto dentro do partido Conservador de Theresa May e entre o governo e o partido Democrata Unionista, que forma a base de apoio parlamentar da premiê britânica. “Não haverá espaço de manobra para o governo britânico”, disse ao “Guardian” Philippe Lamber, líder dos Verdes no Parlamento Europeu e que foi informado da situação nesta semana pela negociador-chefe europeu, Michel Barnier, em Estrasburgo. “Vamos deixar claro exatamente o que quereremos dizer com alinhamento regulatório no texto legal. Ficará muito claro. Isso pode causar alguns problemas no Reino Unido –mas não fomos nós que fizemos essa bagunça.” Barnier tem dito que o ‘brexit’, com as linhas vermelhas escolhidas por May, significa barreiras ao comércio na forma de controles na fronteira.  Para autoridades da Irlanda do Norte, a questão de “fronteiras duras” é de segurança.  No início da semana, George Hamilton, chefe do Serviço de Polícia da Irlanda do Norte, alertou que qualquer infraestrutura na fronteira, mesmo que leve, poderia se tornar alvo de grupos armados e ser um perigo para os oficiais. “Os terroristas só têm de ter sorte uma vez e a obter um resultado com consequências catastróficas”, afirmou. A UE diz que o texto proposto é uma consequência lógica das conversas com o governo britânico em dezembro e vai permitir que a negociação siga adiante.  O governo britânico afirmou que “na ausência de soluções acordadas, o Reino Unido vai manter alinhamento total com aquelas regras do mercado interno e união aduaneira que, agora ou no futuro, apoia a cooperação Norte-Sul, a economia de toda a ilha e a proteção do acordo de 1988 [Acordo de Belfast]”, segundo o “Guardian”.