Divulgação / Bombai

Coçar ou esfregar os olhos é um ato extremamente comum, quase automático para muitas pessoas. A ação, porém, pode ocasionar o Ceratocone, doença degenerativa da córnea que, segundo estimativas, afeta uma a cada 2 mil pessoas no Brasil. Devido à incidência, acontece neste mês a campanha “Junho Violeta” que tem o apoio do Conselho Brasileiro de Oftalmologia.

O Ceratocone é uma doença ocular progressiva que costuma aparecer na adolescência, entre os 13 e os 18 anos, e progride por aproximadamente 6 a 8 anos. Após esse período a tendência é de estabilização. Por ser considerada bilateral, a doença, na maioria das situações, atinge ambos os olhos. O aparecimento pode estar ligado a fatores genéticos, mas o hábito de coçar os olhos com frequência também pode desencadear a doença já que a ação provoca uma alteração da córnea, afetando a sua espessura e o seu formato – que ganha aspecto cônico. Essa irregularidade da córnea também pode levar à miopia e ao astigmatismo.

De acordo com o Dr. Peter Feranczy, mestre em Oftalmologia e Ciências Visuais pela UNIFESP e membro do Conselho Brasileiro de Oftalmologia e da Academia Americana de Oftalmologia, é importante detectar o Ceratocone ainda em seu estágio inicial, o que remete à importância de exames preventivos. “Por ser progressiva, enquanto não tratada, a doença continua a alterar o formato da córnea, principalmente em jovens”, alerta o médico.

Há vários estágios da doença ocular e, por conseguinte, diferentes tipos de tratamento. Segundo Ferenczy, no estágio inicial, a doença é corrigida com o uso de óculos e lentes de contato. “Aconselhamos ao paciente aquilo que melhor se adapta as suas condições e que promova uma menor agressão à córnea com menor probabilidade de piora da evolução do Ceratocone”, explica o oftalmologista. Se o paciente optar pelas lentes de contato o modelo utilizado são as lentes rígidas, que proporcionam conforto e melhor qualidade visual.

Caso a doença esteja em estágio um pouco mais adiantado, aplica-se o crosslinking de colágeno – que é realizado em centro cirúrgico, com o paciente acordado e anestesia local (colírios). “É um procedimento ocular que enrijece a córnea enfraquecida pelo Ceratocone. É um tratamento eficaz que evita a progressão do Ceratocone”, afirma o especialista. De forma genérica, o Crosslinking vai fortalecer as fibras de colágeno da córnea para que ela seja capaz de manter a forma esférica adequada, e para que a luz que entra nos olhos não sofra tanta distorção, proporcionando uma visão mais nítida.

Em estágio bem avançado, quando a córnea encontra-se tão frágil e fina que o humor aquoso (líquido que fica atrás da córnea) rompe a membrana e a invade – provocando uma hidropsia corneana – somente um transplante de córnea pode corrigir o problema.

Não esfregar os olhos de maneira contínua é sem dúvida a grande dica para não prejudicar a saúde de seus olhos e prevenir o aparecimento do Ceratocone. Mas, por ser uma doença bastante associada à infância e juventude, também é importante que os pais estejam atentos e, em caso de surgimento de qualquer alteração na visão dos filhos, procurar um oftalmologista. É ele quem realizará os exames necessários para identificar qual o problema ocular e fornecer o tratamento adequado.

Segundo Ferenczy, algumas doenças alérgicas como a asma, eczema, ceratoconjuntivite atópica (Alergia Ocular) são detectadas mais frequentemente em pacientes com Ceratocone.

Sobre

Peter Ferenczy é oftalmologista graduado pela Universidade Federal do Paraná, com Especialização pela UFPR e Hospital de Olhos do Paraná em Cirurgia do Segmento Anterior. Observador em Cirurgia Refrativa pela University of Texas Southwestern (EUA) e mestre em Oftalmologia e Ciências Visuais pela UNIFESP. Também é membro do Conselho Brasileiro de Oftalmologia e da Academia Americana de Oftalmologia.