Reprodução / Revista J.P

A Justiça do Paraná manteve a proibição da comercialização no Brasil da biografia da bilionária Lily Safra, escrita pela jornalista Isabel Vincent, do jornal estadunidense The New York Times. Com a decisão da 9ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Paraná, a obra está impedida de ser lançada no Brasil.

A decisão, relatada pela desembargadora Vilma Régia Ramos de Rezende e seguida pelos desembargadores Domingos José Perfetto e Sérgio Roberto Nóbrega Rolanski, é do dia 19 de fevereiro e foi divulgada nesta terça-feira (26). (Veja a íntegra do acórdão

A Ação Inibitória, proposta pelo Marinoni Advocacia, tem origem em pedido do sobrinho de Lily, Leonardo Watkins, que reivindica informações contidas no livro sobre o falecido pai e irmão de Lily, Artigas Watkins. De acordo com o escritório de advocacia, a ação visava “preservar o direito à honra de um terceiro, já falecido, cuja vida foi exposta no livro de modo notadamente inverídico”.

Após sustentação oral por ambas as partes, o colegiado concluiu que “na ponderação entre o direito de opinião em conflito com o direito à honra e à imagem, previsto no artigo 5º, inciso X da Constituição Federal, este último deve prevalecer no caso concreto”.

Leonardo entrou com pedido na Justiça para bloquear a biografia “Gilded Lily – Lily Safra: The Making of One of the World’s Wealthiest Widows” (ou “LiLy Safra: a formação de uma das viúvas mais ricas do mundo”, em tradução livre), sob alegação de que ela mancharia a imagem de seu pai no País.

Nos primeiros capítulos, o livro acusa Artigas Watkins de ter se envolvido na morte do segundo marido de Lily, o dono da rede de lojas Ponto Frio, Alfredo Monteverde. Segundo a jornalista, o empresário estava perto de se divorciar de Lily, quando foi encontrado morto com dois tiros no peito.

Na época, as autoridades brasileiras consideraram o ocorrido como suicídio e a então viúva herdou todos os bens. A família Monteverde, no entanto, contesta a versão e indica homicídio.

Watkins afirmou ao jornal O Estado de S. Paulo que seu pai era “extremamente correto, dedicado à família e que sempre se manteve distante de sua irmã celebridade.”

Além da misteriosa morte de Monteverde, a vida da socialite bilionária também foi marcada pela morte do banqueiro Edmond Safra, com quem foi casada. Safra morreu em um incêndio em sua cobertura duplex, em dezembro de 1999. O enfermeiro Ted Maher, que cuidava do banqueiro, foi condenado pelo incêndio criminoso.

Filha de judeus que imigraram para o Brasil, nascida em Porto Alegre, a socialite Lily Watkins Cohen Monteverde Bendahan Safra, 81, é considerada a viúva brasileira mais rica do mundo. De Mônaco, Lily Safra, administra os bens deixados pelo marido Edmond Safra e já figurou na 57ª posição do ranking da “Forbes”, com R$ 2,70 bilhões. Hoje seria a 620.ª pessoa mais rica do mundo.