Na terceira reunião da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Espionagem na Assembleia Legislativa, na tarde de ontem, o representante e sócio da empresa de segurança Embrasil, Jeferson Nazário, confirmou a existência de escutas no Legislativo paranaense, mas afirmou que não tem como avaliar a funcionalidade do material apreendido. Os equipamentos encontrados na varredura da Casa são de origem duvidosa, mas só o laudo da polícia é que poderá dizer qual a real funcionalidade deles, disse. Todos os equipamentos encontrados por nossa empresa eram irregulares e não eram os mesmos licitados pela Casa no ano passado. As características são diferentes e um deles se assemelha a um bloqueador de celular, mas o resto dos equipamentos licitados são para detecção, e não para escutas e nem bloqueios.

A Embrasil, que presta serviços de segurança para a Casa há cinco anos, foi responsável pela varredura nas dependências do Legislativo no inicio de fevereiro. Nazário também levantou a possibilidade da existência de grampos nos gabinetes dos parlamentares, devido à posição que os fios telefônicos foram encontrados na central telefônica da Casa.

Pelos depoimentos, realmente os equipamentos eram irregulares e existiam evidências claras de que nós estávamos sob escutas, afirmou o presidente da CPI, deputado Marcelo Rangel (PPS). Ele disse que essas suposições sobre possíveis escutas nos gabinetes dos parlamentares também deverão ser analisadas.

Também foi ouvido pela comissão, o diretor do Instituto de Criminalística do Paraná, Carlos Roberto Martins de Lima. Ele disse que ainda não há um laudo conclusivo sobre a funcionalidade do aparelho apreendido em fevereiro deste ano. Embora haja prioridade na análise do material – algo que está sendo feito em parceria com a Universidade Tecnológica do Paraná –, ele comentou que o instituto passa por dificuldades como a falta de funcionários, de equipamentos e de orçamento. Mas ele acredita que as informações já obtidas pela equipe responsável pela perícia no equipamento possam ser classificadas de irregulares. Alguns equipamentos parecem caseiros, outros comerciais. Alguns deles estavam instalados em locais inadequados, o que caracteriza irregularidade, disse, ao comentar que na próxima semana deve sair o laudo que poderá dizer se o equipamento funcionava como central de escuta ou como bloqueador de grampos.

Relator da CPI, o deputado Mauro Moraes (PSDB) lembrou que essa informação é fundamental para a continuidade dos trabalhos da Comissão. Todo o nosso parecer será pautado pelo laudo que será entregue pela polícia científica, afirmou. O diretor do Instituto de Criminalística fez questão de salientar uma vistoria superficial não serve como indicativo de funcionalidade do aparelho, por isso qualquer informação a respeito do equipamento só será divulgado após a conclusão do laudo.

Convocação — Os deputados membros da comissão decidiram intimar para a próxima reunião da CPI o empresário Marcos Aurélio Menestrina, dono da Menestrina Cia. Ltda., empresa vencedora da licitação para compra de um aparelho bloqueador de grampos pela Assembleia, em 2010. Também serão convidados o ex-diretor-geral da Casa, Eron Aboud, responsável pela assinatura da licitação para a aquisição do sistema anti-grampo, e o perito da Embrasil, Antonio Welges. Outro convocado é o ex-coordenador técnico da AL, Francisco Ricardo Neto. A data da reunião ainda não foi confirmada.