Franklin de Freitas – “Tomazini: para pru00e9-candidato do PSOL

Ex-integrante do PSTU, partido que o lançou candidato ao governo do Paraná em 2014, o que lhe rendeu participação em debates com medalhões da política paranaense, como o senador Roberto Requião (MDB) e ex-governador Beto Richa (PSDB), o servidor da Secretaria de Estado da Educação Rodrigo Tomazini, 40 anos, agora quer ser senador pelo PSOL, legenda ligeiramente mais moderada que a primeira. Sua mudança de sigla, diz ele, se deu em razão do posicionamento do PSTU frente ao impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. “(O partido) deu a entender que chamar ‘fora todos’ era ‘fora Dilma também’; essas diferenças começaram a se tornar insustentáveis. Aplicar a política que eles aplicam é ficar no isolamento”, diz. 
Nascido em Botucatu (SP), Tomazini iniciou militância política em Cascavel, no Oeste do Paraná, onde cursou faculdade de Ciencias Biológicas, e ingressou no movimento estudantil. Em 2010, Tomazini foi candidato pela primeira vez, quando queria ser deputado estadual pelo PSTU, e depois, em 2014, candidato a governador.
Hoje ele é integrante da Executiva Nacional da CSP Conlutas e filiou-se em dezembro passado ao PSOL. Em um congresso do partido no início de maio, teve o nome indicado para concorrer ao Senado, juntamente com Jaqueline Parmigiani, do PSOL de Toledo. Eles fazem parte da linha do partido que apoiou a chapa Guilherme Boulos / Sônia Guajajara à presidência da República. 

Bem Paraná – O PSOL tem condições e recursos para produzir uma candidatura competitiva ao Senado no Paraná?
Tomazini –
Avalio que sim. Apesar de nossa programação ser de uma campanha modesta, vamos lançar chapa completa, desde presidente a deputados estaduais, vamos entrar com uma campanha realmente para competir. O momento político do Brasil, a população e a juventude, desde aqueles eventos de 2013, querem algo diferente do que aquilo que está aí. (“Aquilo que está aí” é) sejam as famílias que vêm governando há muito tempo, as mesmas, seja o modo de se fazer política. O PSOL quer mostrar para a população que pode ser essa diferença. Não é só ser um nome diferente, ou uma pessoa mais jovem na candidatura. Agora, com esse incêndio, que culminou em desabamento em São Paulo, que mostrou a ferida no Centro da Capital Paulista, sobre a questão da moradia, ter um candidato a presidente líder do movimento de moradia. Ter uma pré ou co-candidata, a presidente, ou vice, do movimento indígena e que é indígena, 518 anos depois teremos pela primeira vez. Temos uma vereadora (Marielle Franco (PSOL-RJ), que mostrou nosso diferencial. Ela era negra, lésbica, da favela. Mostra que os conservadores, no sentido extrito da palavra, que querem manter e conservar tudo isso, não aceitam essa situação. Ter um partdido que não pega dinheiro de empreiteira. Realmente achamos que o PSOL tem isso a oferecer.   
 

‘Não vale o debate que o PT continua fazendo’
Bem Paraná – O PSOL consultou o PT antes de decidir lançar duas candidaturas ao Senado? Não foi considerada uma frente de esquerda?
Tomazini –
Não houve essa conversa. Temos que ter uma relação coletiva nas lutas, em defesa de direitos e democráticos. Mas no âmbito eleitoral as diferenças são muito grandes. Não vale o debate que o PT continua fazendo e não aprendeu. Em Alagoas, já autorizaram a fazer aliança com o PMDB de Renan Calheiros Filho. Vamos continuar seguindo nosso caminho, pode demorar para a gente chegar lá, mas vamos chegar com um partido forte e coeso.   

BP – Qual sua avaliação sobre uma reforma da previdência, sobre a que está posta, do governo Michel Temer? Há uma avaliação pessoal ou ela é coletiva, do PSOL?
Tomazini –
Essa reforma que está aí, somos terminantemente contra. Se for para votar uma reforma, ela tem que ser realmente para excluir privilegiados e não direito de trabalhador. Defendemos a previdência. A seguridade social em si é superavitária. O que o governo faz é uma manobra nos dados para tentar mostrar que existe um déficit. De várias fontes de arrecadação ela escolhe uma única fonte e coloca dentro daquele tripé que a previdência é deficitária em relação a essa fonte. Na verdade, o que os governos querem é tirar mais direitos dos trabalhadores e, para isso, inventam manobra nos dados. Outra coisa importante, se precisamos fazer uma reforma na previdência, vamos começar cobrando aqueles que estão devendo para a previdência. Cerca de R$ 450 bilhões, resolveria tranquilamente o problema da previdência. 
 

‘Ações do Judiciário são seletivas’
BP – Qual sua avaliação sobre o foro privilegiado?
Tomazini –
O grande problema é em relação à própria estrutura do Judiciário e o momento político de crise que nós vivemos hoje. Acho que (a medida do STF) não vai resolver. O processo do Aécio foi mandado para Minas, liberou. Está livre. O que deveria ser feito era não ter seletividade. Tanto na Lava Jato, um tema polêmico também, quando às ações no Judiciário (em geral), elas são extremamente seletivas. O que estamos vendo é a burguesia conseguindo se safar de todos os processos. Todo mundo está em dúvida se vai acontecer alguma coisa com Beto Richa (PSDB), que coleciona (escândalos de corrupção): Quadro Negro, Publicano, outra agora (envolvendo o ex-chefe de gabinete de Richa, Deonilson Roldo) relacionada à Odebrecht. E nada acontece com ninguém. Tirar ou não o foro não vai resolver. Pode ser, inclusive, que ajude a perseguir parlamentares de esquerda. O PSOL não está envolvido na Lava Jato, mas sempre tem um parlamentar com o mandato em risco porque setores da direita ou da ultradireita não gostam de algumas verdades que são faladas. Do jeito que está hoje, não se resolve dessa forma. Esse (o foro) não é o centro do problema. 

BP – Qual sua avaliação da Operação Lava Jato? 
Tomazini –
Extremamente seletiva. É um projeto de poder. Politicamente, nós (PSOL) temos muitas diferenças com Lula e com o PT. Por isso temos outras candidaturas, que é Boulou e outras ao governo e Senado. Não temos acordo com política econômica que eles (PT) aplicara, não temos acordo com alianças, com seleção de classe, com a lei anti-terror… Agora, nós entendemos que há vários outros políticos que já poderiam ter sido pegos na Lava Jato e que não foram… E que quando vemos o caso de Lula, vemos que o processo correu de uma maneira muito rápida, com muitas páginas do processo que com certeza não foram lidas em uma velocidade tão grande, e que as provas são muito frágeis. Se observar que é uma frande referência na classe trabalhadora, um cara que com todos os bombardeios consegue ter 38% dos votos (em pesquisas), ganha em todas as projeções de segundo turno, votariam nele preso, mesmo sendo culpado: as pessoas dizem, deveriam soltar porque os outros não foram presos. A Lava Jato é um projeto de poder, tira o principal candidato das eleições, desloca ele, inviabiliza, e a burguesia – “centrão”, estão chamando – tenta viabilizar uma candidatura que não aparece, trazendo um grande perigo que é a candidatura de Bolsonaro.