Divulgação – Fandango em Paranaguá: tradição antiga

Há muito, muito tempo atrás, numa época em que o Paraná ainda não era o Paraná, vivia por essas terras um índio chamado Curuaçu, o mais alto e mais forte guerreiro de sua tribo.Certo dia, ao sair para caçar, Curuaçu encontrou uma onça, que ameaçava atacar a curandeira de uma tribo inimiga, por quem havia se apaixonado. Para salvar a amada, matou a onça. Mas a índia, assustada, desmaiou. Curuaçu tentou socorrê-la. Colocou a curandeira em seus braços. Mas os índios da tribo inimiga, ao encontrarem o caçador, pensaram que ele estava sequestrando a curandeira e revidaram com flechadas, matando-o. O que ninguém esperaria, porém, é que o índio acabaria por se transformar em uma araucária, enquanto sua amada viraria uma galha azul. As gotas de sangue que piongaram de Curuaçu viraram pinhões, que até hoje a gralha azul enterra por aí, espalhando as araucárias pelo mundo.

A historia acima é uma das mais famosas lendas do Paraná. De tão antiga, não se sabe qual é sua origem. E nem se precisa saber. Virou folclore: parte do conjunto de tradições, conhecimentos, canções, costumes e crenças populares expressos em provérbios, contos, canções, costumes, lendas e tradições de um povo. E hoje celebra-se nacionalmente o Dia do Folclore.

As lendas, contudo, não são a única forma de expressão folclórica. Em verdade, os fatos folclóricos são geralmente classificados em seis grupos: folclore poético (cancioneiro, romanceiro, adivinhas); folclore narrativo (lendas, contos, casos); folclore mágico (magia, propriamente dita, religião); folclore social (música, danças, festas, trajes, família); folclore linguístico (expressões orais características); e folclore ergológico (cerâmica, alimentação, cestaria, ourivesaria, tecido etc).

Dentro dessa variedade, outro item da cultura paranaense que merece destaque especial é o fandango. Muito forte no litoral paranaense (principalmente Paranaguá), o fandango é uma das manifestações folclóricas mais antigas do Brasil, com origem que remonta à Espanha. Teria chegado à região junto com os primeiros casais de colonos açorianos, por volta de 1750. Aos poucos, porém, a dança espanhola foi ganhando os compassos dos índios e dos caiçaras, fazendo nascer uma manifestação folclórica diferente, que inclui ainda ainda instrumentos como a rabeca, o adufo e a viola.

Por que o dia 22 de agosto celebra a sabedoria popular?
Desde 1965, um decreto de lei assinado pelo então presidente da República, Castello Branco, criou o Dia do Folclore, considerando “a importância crescente dos estudos e das pesquisas do folclore em seus aspectos antropológico, social e artístico”. A intenção com a criação da data, portanto, era dar continuidade à tradição brasileira, protegendo as criações populares para que elas não caíssem no esquecimento.

Mas, afinal, por que o dia 22 de agosto?

É que foi justamente nessa data, no ano de 1846, que o arqueólogo inglês William John Thoms publicou um artigo na revista The Athenaeum. Nessa publicação, o cientista juntou, pela primeira vez, os termos “folk”, que significa “povo”, e “lore”, que significa “saber”, formando assim a palavra “folklore”, com o significado de saber do povo, ou sabedoria popular. No texto do decreto que oficializou a data no brasil, inclusive, há referência direta a William John Thoms e ao seu pioneirismo na pesquisa das culturas populares.

Atualmente, o folclore é um importante objeto de estudo nas ciências humanas, e sua importância é reforçada frequentemente nas escolas.