Um líder indígena da aldeia Mariry, da etnia Wajãpi, no Amapá, foi morto a facadas no início da semana. Segundo lideranças da aldeia e funcionários da Secretaria Estadual dos Povos Indígenas, o cacique Emyra Wajãpi foi atacado enquanto voltava da casa da filha e o corpo foi encontrado dentro de um rio. Eles afirmam que houve uma invasão de um grupo de cerca de 50 garimpeiros na aldeia desde a sexta-feira, 26.

De acordo com a secretaria, o grupo está armado e há risco de conflitos. Lideranças indígenas pedem apoio da Polícia Militar e a Polícia Federal para retomar a propriedade, mas ainda não havia manifestação oficial por parte das autoridades até a publicação desta matéria. Procurada, a Fundação Nacional do Índio (Funai) não se pronunciou sobre o caso.

O vereador Jawaruwa Wajãpi (Rede), do município de Pedra Branca do Amapari, a 189 km da capital Macapá, afirmou que está na aldeia e pediu apoio ao senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP). “Estamos pedindo socorro, estamos pedindo seu apoio para ver se libera as Forças Armadas ou qualquer ajuda. Uma comunidade Wajãpi está em risco de morte”, disse em áudio enviado pelo WhatsApp. “Estamos aguardando, porque sem a resposta será tarde demais”, afirmou.

À reportagem, o assessor técnico da Secretaria dos Povos Indígenas do Governo, Makreito Wajãpi, confirmou as informações. “Estamos precisando urgente da entrada dos policiais federais, junto com a Funai, queremos que isso seja resolvido o mais rápido possível”, disse. Ele relatou que episódio como este “nunca tinha acontecido antes”. “É a primeira vez que aconteceu isso na nossa vida. Ficamos muito preocupados e tristes, porque temos família, crianças, e nossa preocupação é isso”, disse.

O senador Randolfe Rodrigues reclamou que “não houve nenhuma manifestação da Funai, nem foi possível contato com a Polícia Federal para ser tomada alguma providência”. Em vídeo divulgado nas redes sociais, o parlamentar disse que tenta “sensibilizar e mobilizar as autoridades para o que está acontecendo nesse momento na terra indígena de Wajãpi”.

De acordo com Randolfe, lideranças indígenas afirmam que, se não houver providência por parte das autoridades, os Wajãpi vão “estar em guerra, entrar em conflito” com os garimpeiros.