SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Livraria Cultura fechou a loja de livros e eletrônicos Fnac da avenida Paulista no último fim de semana, o que marca a saída da rede da cidade de São Paulo.

A unidade da Paulista pode ser considerada um marco na expansão global da rede francesa na década passada. Foi a loja de número 102 no mundo. Inaugurada em 2003, trazia para o país o conceito de megaloja para o segmento cultural e lazer numa dimensão ainda pouco vista no país.

Com 4.500 metros quadrados ocupados por livros, CDs, DVDs, aparelhos eletrônicos e fotográficos e papelaria, além de uma área para shows, com agenda de apresentações lotadas nos primeiros anos, ela também incorporava a expectativa otimistas do grupo com o Brasil.

Na ocasião, o diretor responsável pelas operações locais chegou a projetar que o Brasil tinha espaço para 15 unidades Fnacs.

A rede chegou a ter 12 lojas.Agora resta no país só mais uma loja, em Goiânia (GO).

Outras lojas encerradas recentemente na capital paulista foram a Fnac do bairro de Pinheiros, aberta em 1999 e a primeira da rede no Brasil, e a do shopping Morumbi.

Na porta das lojas, havia o aviso de que consumidores poderiam continuar sendo atendidos no site da empresa.

A Livraria Cultura disse que o fechamento de unidades segue o planejamento estratégico da empresa de manter unidades com boa performance, melhorar cada vez mais a experiência do cliente em loja e crescer de forma significativa no comércio eletrônico.

O mercado editorial vem sofrendo com com a crise, que se acentuou nos últimos meses.

O processo de encerramento das operações da rede Fnac no Brasil, no entanto, teve início há quase dois anos, no final de 2016.

Na ocasião, a matriz francesa, ao apresentar os resultados financeiros a investidores, anunciou que havia iniciado a busca por um parceiro para a subsidiária no Brasil. O documento já destacava que o grupo poderia se desligar do país, que não vinha apresentando retornos esperados.

Em julho de 2017, a Livraria Cultura anunciou a compra da operação brasileira.

A multinacional francesa já tinha então 12 lojas em sete Estados. A rede brasileira, por sua vez, 18 livrarias no país.

A aquisição surpreendeu investidores. Os relatos no mercado eram que a Cultura, a terceira no segmento livreiro no Brasil, vinha sofrendo problemas financeiros. Considerada por anos a melhor pagadora do mercado, desde 2016 a Cultura estava atrasado pagamentos aos editores ou "renegociado", termo usado por sócios ao comentar o assunto em entrevistas.

Referência na venda de livros ao longo de boa parte da primeira década dos anos 2000, a Fnac já vinha priorizando eletroeletrônicos.

A rede francesa, porém, continuava importante fonte de receitas para editoras de quadrinhos e obras no segmento infantojuvenil, em especial livros do chamado mundo nerd.

Poucos meses depois da aquisição, a Cultura reduziu a rede Fnac à metade, preservando seis lojas, que foram sendo fechadas na sequência.