SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Mulheres ocuparam pela primeira vez o banco do motorista e saíram pelas ruas da Arábia Saudita pela primeira vez nos primeiros minutos deste domingo (24), ao cair a última proibição contra motoristas femininas no mundo.

É um momento eufórico e histórico para elas, que sempre tiveram que depender de seus maridos, pais, irmãos e motoristas para tarefas básicas, ir ao trabalho, visitar amigos ou até deixar as crianças na escola.

Após a meia-noite (18h em Brasília) algumas começaram a andar pelos seus bairros, acompanhadas de maridos, amigas e outros familiares. Outras colocaram planos nas redes sociais de para onde dirigirão neste dia. Elas estão autorizadas também a guiar caminhões e pilotar motos.

A grande maioria das mulheres ainda não tem carteiras de motorista. As primeiras autoescolas destinadas apenas femininas, como determina o regime saudita, começaram suas primeiras aulas três meses atrás. 

O custo das classes e a falta de interesse das mulheres com motorista também são apontados como motivos para a baixa procura. Algumas delas escolhem ter o documento para usar em caso de uma emergência na família.

“Isso ajudará a desafiar normas sociais e de gênero que entorpecem a mobilidade, a autonomia e a independência na Arábia Saudita”, disse à AFP a jornalista Hana al-Jamri, autora de um livro sobre mulheres repórteres.

“As sauditas experimentam um sentimento de justiça. Durante muito tempo negou-se um direito fundamental que as manteve confinadas e dependentes dos homens”, afirmou Najah al-Otaibi, da Arabia Foundation.

A liberação dá fim a uma reivindicação de mais de 30 anos à monarquia saudita, um dos países mais conservadores e religiosos do mundo. Se uma mulher desafiasse a proibição poderia ser condenada a anos de prisão, multa e chibatadas.

O argumento da linha dura é que, no volante, elas estariam mais expostas a assédio sexual e ao pecado. As críticas arrefeceram desde que o príncipe herdeiro saudita, Mohammed bin Salman, 32, anunciou o fim do veto, em setembro do ano passado.

A medida faz parte de suas reformas liberalizantes nos costumes. Por outro lado, ele é criticado pelo expurgo feito na família real e pela influência em conflitos em outros países do Oriente Médio, acirrando a rivalidade com o Irã.