BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Preso na Papuda, o ex-senador Luiz Estevão é suspeito de ter doado em 2016 um imóvel a um agente penitenciário em troca de privilégios. 

“Naquela época, havia indícios de que Luiz Estevão teria, inclusive, doado um imóvel para um dos agentes ali lotados em troca de recebimento de privilégios”, diz decisão da juíza Leila Cury, da Vara de Execuções Penais (VEP) do Distrito Federal, que determinou nesta quinta (19) a transferência do ex-senador e do ex-ministro Geddel Vieira Lima para o bloco de segurança máxima do presídio em Brasília.

De acordo com a sentença, o político não chegou a ser denunciado pelo caso. Segundo Cury, a falta de denúncia se deve à dificuldade de encontrar “rastros óbvios” em crimes de corrupção. “É que o crime de corrupção dificilmente deixa rastros óbvios, por se tratar de delito cujos atos correspondentes se mantêm nas sombras.”

A medida foi tomada pela Justiça após a operação da Polícia Civil do Distrito Federal, que, neste domingo (17), encontrou indícios de privilégios concedidos aos presos. Na operação, mais de 30 agentes encontraram chocolate, tesoura e cinco mini “pendrives” na cela do ex-senador.

Ao decidir a questão, a juíza entendeu que os acusados não podem ficar em celas próximas durante o procedimento de apuração do caso. Para a magistrada, há indícios de que Luiz Estevão “vem exercendo liderança negativa”, após ter sido flagrado duas vezes com objetos proibidos.

“Há indícios de que ele vem exercendo liderança negativa no ambiente em que atualmente está recolhido, pois, através de alguma das hipóteses acima elencadas (ou eventualmente de qualquer outra sequer imaginada) ele já foi flagrado, pelo menos duas vezes, na posse de objetos proibidos, tudo estando a indicar que, se não for imediatamente realocado em outro local, além de dificultar a efetiva apuração dos fatos, pode vir a conseguir novamente outros privilégios”, decidiu a juíza.

Luiz Estevão foi condenado a 31 anos de prisão pelo desvio, na década de 1990, de R$ 169 milhões na execução da obra da sede do Tribunal Regional do Trabalho em São Paulo. Geddel foi preso preventivamente em 8 de setembro do ano passado, depois de serem encontrados R$ 51 milhões dentro de malas e caixas de papelão no imóvel de um amigo, próximo a sua residência. A apreensão foi possível devido a uma denúncia anônima.