Três de maio será um dia histórico. É que daqui a exatos 15 dias o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva estará em Curitiba para prestar depoimento ao juiz Sergio Moro no processo em que é réu sobre a compra de um triplex no Guarujá, no âmbito da Lava Jato. Será a primeira vez que os dois irão se encontrar e nas redes sociais já se multiplicam os eventos favoráveis e contrários à Lula e também de apoio à Moro. A expectativa é que até 60 mil manifestantes venham para a Capital.

Ao todo, há 24 eventos criados no Facebook para a data, a maioria programados para acontecer em frente ao prédio da Justiça Federal, no bairro Ahú, sendo metade em favor do petista e a outra metade apoiando a Lava Jato e o juiz federal. Essa será a primeira vez que os dois estarão cara a cara – em novembro do ano passado Lula depôs ao magistrado como testemunha de defesa do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, mas por videoconferência.

Entre os movimentos de esquerda, a expectativa é de reunir pelo menos 50 mil pessoas de todo o país. Movimentos sociais como a Frente Brasil Popular, Central Única dos Trabalhadores (CUT), Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) e Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e a Nação Hip Hop, entre outros, já confirmaram presença. No Facebook, o evento com maior adesão é o Nas Ruas! Por todos e por Lula, organizado pela Frente Resistência Democrática e que já conta com 1,7 mil confirmações de presença e outros 3,1 mil interessados.

À direita do espectro político, a adesão nas redes sociais a menor. O Movimento Brasil Livre (MBL), por exemplo, deve enviar apenas alguns olheiros, enquanto o Vem Pra Rua, liderado por Rogério Chequer, já confirmou que não virá à Capital. Não se justifica. A Justiça está andando bem até agora e cuidará do caso, afirmou o cabeça do movimento.

De toda forma, a expectativa ainda é de uma boa adesão nos atos pró-Moro e contrários à Lula. O movimento Nas Ruas, por exemplo, já confirmou que participará dos protestos em 3 de maio, em Curitiba. Já o Revoltados Online, inspirados no Bikers for Trump (que excursionavam em enventos do então presidenciável Donald Trump), organiza uma motocicletada com até 10 mil motos, algumas customizadas, levando um pixuleco dentro de uma gaiola. Nas redes sociais, o evento com maior adesão é o Recepção ao Lula em Curitiba!, organizado pela página República de Curitiba e que conta com 739 confirmados e outros 1,3 mil interessados em participar.

Segurança

Procurado, o comando da Polícia Militar do Paraná (PM-PR) informou que ainda não há nada planejado para o dia do depoimento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao juiz à Sérgio Moro. Estamos focados em outras datas, como os feriados, disse a assessocia de comunicação da corporação. Contudo, também foi informando que os primeiros estudos sobre o assunto já começaram e que mais detalhes deverão ser divulgados no final do mês. A PM também pede para que os organizadores das manifestações — tanto de uma parte quanto da oura — entrem em contato com a Segurança Pública e avisem sobre a vinda à Capital para ajudar no planejamento de segurança.

Entorno da Justiça Federal será isolado

Embora ainda não exista confirmação oficial, a tendência é que a Polícia Militar, com o apoio do Grupo de Controle de Distúrbios Civis da Polícia Federal, isole toda a área no entorno do prédio da Justiça Federal, no bairro Ahú.

É certo que a região não comporta um grande número de pessoas. No ano passado, algumas manifestações pró-impeachment da então presidente Dilma Rousseff foram marcadas para o local, mas logo abandonadas, justamente por causa dos espaços reduzidos para abrigar milhares de pessoas.

Ainda não se sabe, porém, o que será feito do grupo que desde 2014 mantém um acampamento na Praça Pedro Alexandre Brotto, em protesto contra a corrupção e em apoio à Lava Jato e ao juiz Sérgio Moro.

Ao todo, cerca de 15 pessoas se revezam diariamente no local. O grupo chegou a ser removido dali em fevereiro pela administração do prefeito Rafael Greca, quando uma quipe da Secretaria Municipal de Urbanismo (SMU) retirou dezenas de faixas, placas, laços e entulhos que se acumulavam no local desde março de 2016. Depois, contudo, houve entendimento e o grupo voltou, com as faixas que eram colocadas em árvores agora ficando no chão.