NOVA YORK, EUA (FOLHAPRESS) – A Argentina está passando por um período de mudanças profundas, mas decidiu enfrentar essa fase com humildade e sem pegar atalhos, afirmou nesta terça-feira (25) o presidente argentino, Mauricio Macri, em seu breve discurso na Assembleia-Geral da ONU.

Macri falou durante dez minutos a um plenário com cerca de metade dos lugares vazios. Ele abriu o discurso abordando superficialmente a crise argentina e sem mencionar a renúncia do presidente do banco central argentino, em meio à forte turbulência cambial que atinge o país.

“Nosso país está passando por um período de mudanças profundas. Decidimos atravessá-lo com a humildade para aceitar as dificuldades e com a convicção de fazer os esforços corretos”, disse o presidente. “Sei que o esforço é grande e quero agradecer a cada argentino por isso.” 

Macri ressaltou que o país decidiu mudar sem pegar atalhos e sem comprometer o futuro. Ele também tentou assegurar que a Argentina é um parceiro confiável da comunidade internacional e mediador político regional e global.

Neste contexto, ele chamou a atenção para a crise migratória da Venezuela e pediu que a ditadura de Nicolás Maduro reconheça a gravidade da situação humanitária que o país enfrenta.

Ele também afirmou que vai denunciar a ditadura venezuelana ao TPI (Tribunal Penal Internacional), a exemplo do que fez o ex-presidente colombiano Álvaro Uribe em 2010 contra o então presidente venezuelano, Hugo Chávez (1954-2013).

“Quero me deter para expressar, mais uma vez, nossa preocupação com a situação de direitos humanos na Argentina”, afirmou o presidente. “Dada a sua gravidade, a Argentina levará ao Tribunal Penal Internacional a situação relacionada aos crimes de lesa-humanidade da ditadura venezuelana”, afirmou.

Segundo ele, a Argentina já recebeu cerca de 130 mil venezuelanos fugindo da crise no país. “Faço um apelo à Venezuela para que reconheça a crise humanitária, para assim poder liberar a cooperação internacional que atenda às fortes carências de saúde e alimentos dos desabrigados”, disse.

Macri diz que a Argentina faz parte de uma resposta regional e ampla que busca enfrentar as dificuldades de milhões de venezuelanos que deixaram o país.

O presidente também citou os esforços argentinos para combater o terrorismo. Ele pediu a cooperação do Irã para investigar o atentado a bomba que destruiu a sede da Amia (Associação Mutual Israelita Argentina) em 1994.

“A Argentina condena o terrorismo em todas as suas formas e manifestações”, disse.

“Nesse sentido, e considerando que no próximo ano se completarão 25 anos do atentado à Amia, quero pedir novamente à República Islâmica do Irã que coopere com as autoridades judiciais argentinas para avançar na investigação do ataque terrorista mais brutal em nosso território.”

Também citou a polêmica envolvendo as ilhas Malvinas, disputada com o Reino Unido. Macri reforçou “os mais legítimos e imprescritíveis direitos soberanos” da Argentina sobre o território.

Por fim, defendeu o multilateralismo, o qual disse ser fundamental para manifestar os interesses nacionais e buscar consensos. O país preside o G20 (grupo dos vinte países mais desenvolvidos) e sediará, em novembro, a primeira cúpula de líderes do grupo na América do Sul.