A maior parte da classe C brasileira está endividada. É o que aponta o levantamento feito pelo GuiaBolso.com, que auxilia na gestão financeira de forma gratuita com os cerca de 10 mil usuários cadastrados na plataforma neste último mês de junho. Números oficiais indicam que cerca de 35 milhões de brasileiros entraram na classe média nos últimos dez anos, tendo grande acesso ao crédito, mas sem o acompanhamento de uma educação financeira efetiva para eles, afirma Thiago Alvarez, ex-consultor da McKinsey e cofundador do GuiaBolso.com.

Ainda de acordo com o levantamento, excluindo os com alto endividamento, 31% dos usuários da classe C gastam tudo aquilo que recebem, sem criar uma reserva que possa recorrer em casos inesperados, como doenças na família ou desemprego. São pessoas potencialmente sujeitas a adquirir dívidas, comenta Alvarez. Apenas 15% dos usuários da classe C possuem algum tipo de poupança, enquanto apenas 2% são realmente investidores, com reserva financeira superior a três meses de salário.

Nas classes A e B os números não são muito diferentes, com 49% dos usuários com dívidas que comprometem um valor superior a um terço da receita mensal, enquanto outros 28% gastam tudo o que recebem. Por outro lado, as classes A e B têm um porcentual maior de poupadores e investidores, respectivamente 16% e 7%. O aumento da inflação nos últimos tempos acabou por elevar o custo de vida desta pessoas, reduzindo ou até mesmo eliminando a reserva mensal que tinham, explica Benjamin Gleason, norte-americano que vive há cinco anos no Brasil, ex-diretor do Grupon e cofundador do GuiaBolso.com.

A parcela dos usuários que realmente chama a atenção é formada pelas classes D, E e F. Mesmo com a renda menor, apenas 36% deles têm dívidas superiores a um terço da receita mensal, enquanto 41% gastam tudo o que recebem mensalmente. Além disso, 21% já consegue uma economia mensal para montar uma pequena poupança. São pessoas que, com alguns pequenos ajustes, podem economizar ainda mais e encontrar uma estabilidade financeira que supere, inclusive, problemas como o desemprego por um curto período, relata Gleason.

Considerando toda a base, 55% dos usuários estão em apuros, ou seja, passam constantemente por falta de dinheiro e precisam quitar dívidas maiores que um terço da renda, enquanto 33% estão no limite, gastando tudo o que recebem. Isso representa 88% das pessoas com problemas no orçamento, define o executivo.