THIAGO RIBEIRO/AGIF/ESTADÃO CONTEÚDO

RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – Um grupo de manifestantes invadiu, no final da manhã desta segunda-feira (3), a Quinta da Boa Vista, onde está localizado o prédio do Museu Nacional, que foi destruído por um incêndio, na zona norte do Rio de Janeiro.

Revoltados com a destruição do acervo, os manifestantes protestam contra o teto de gastos implementado pelo governo de Michel Temer (MDB), que reduziu os recursos para os setores de ciência e educação.

Formado em sua maioria por estudantes da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), a responsável pela gestão do museu, o grupo conseguiu ocupar a Quinta da Boa Vista após enfrentar guardas-civis na entrada principal do espaço.

A confusão começou por volta das 12h quando um carro da polícia federal chegou ao portão, que estava trancado com correntes de aço e cadeado.

Quando a guarda abriu a passagem para a Polícia Federal, manifestantes forçaram a passagem. Agentes da Guarda Civil Metropolitana usaram spray de pimenta, uma bomba de gás lacrimogêneo e uma bomba de efeito moral. Não há informações de detidos e feridos no local.

Por volta das 13h, os estudantes conseguiram entrar na Quinta da Boa Vista e chegar com o protesto em um espaço bem próximo ao prédio do museu.

Mais cedo, a Guarda já havia informado que liberaria o acesso do grupo, mas demorou no processo de abertura do portão. Após uma breve confusão, os manifestantes forçaram o portão, romperam as correntes e conseguiram entrar no espaço.

Marchando, o grupo, guiado pela direção da UFRJ está a uma distância segura do prédio do Museu Nacional. A estrutura continua isolada porque ainda há focos de incêndio —duas lajes também cederam.

Posicionados em frente à estátua de Dom Pedro 2º, eles gritavam palavras de ordem contra o presidente Michel Temer e o prefeito do Rio, Marcelo Crivella.

As aulas em toda a UFRJ foram canceladas nesta segunda.

Mais antigo do país, o Museu Nacional é subordinado à UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e vem passando por dificuldades geradas pelo corte no orçamento para a sua manutenção. Desde 2014, a instituição não vinha recebendo a verba de R$ 520 mil anuais que bancam sua manutenção e apresentava sinais visíveis de má conservação, como pareces descascadas e fios elétricos expostos.

A instituição está instalada em um palacete imperial e completou 200 anos em junho —foi fundada por dom João 6º em 1818. Seu acervo, com mais de 20 milhões de itens, tem perfil acadêmico e científico, com coleções focadas em paleontologia, antropologia e etnologia biológica. Menos de 1%, porém, estava exposto.

INCÊNDIO

O incêndio, de grandes proporções, atingiu neste domingo (2) o Museu Nacional. Cerca de 80 homens de 12 quartéis combateram as chamas por mais de seis horas. Parte do interior do edifício desabou.

O fogo começou depois que o local já havia encerrado a visitação —tanto do museu quanto do zoológico, que também fica na Quinta da Boa Vista. Ninguém se feriu.

Segundo o comandante-geral dos bombeiros do Rio, Roberto Robadey, o combate ao fogo foi prejudicado por falta de água nos hidrantes próximos ao edifício. Os bombeiros tiveram que apelar a caminhões-pipa e até para a água do lago próximo.