Ernani Ogata

Cerca de 100 pessoas foram para a frente da Prefeitura de Curitiba, no Centro Cívico, nesta manhã de segunda-feira, 15 de junho, para protestar contra o Decreto 774/2020. Publicado no sábado (13), ele determina a restrição de atividades em Curitiba por conta do avanço dos casos da Covid-19.  Os manifestantes são do setores afetados pelo decreto, funcionários de academias, bares e casas noturnas. 

Os manifestantes estavam usando máscaras, mas não estavam respeitanto do distancimento de cerca de 1,50 metros recomendados pelas autoridades mundiais da Saúde. Houve uma aglomeração em frente à Prefeitura de Curitiba.

No último sábado, 13 de junho, um grupo ligado às academias fez uma manifestação com buzinaço em frente ao prédio onde mora o prefeito Rafael Greca, no bairro Batel. 

A Associação dos Centros de Atividade Física (Acaf) repudiou o decreto de bandeira laranja. Em nota, a Associação ainda questionou os critérios que ordenam o fechamento das academias, mas permitem a abertura de shopping centers na Capital. O setor lembra que o decreto federal considera as academias como atividade essencial.

Bares e casas noturnas

Outro setor que reagiu forte foi a de bares e casas noturnas, que também está com as atividades suspensas com o novo decreto. A Associação Brasileira de Bares e Casas Noturnas (Abrabar) fez uma convocação ainda na noite de sábado para um ato na Prefeitura de Curitiba, hoje. Pelas redes sociais, a associação chamava empresários, colaboradores, fornecedores e terceirizados para se reunirem na sede da Prefeitura às 14 horas para demonstrar “toda a insatisfação com o momento da gestão municipal no enfrentamento da Covid-19”, diz o comunicado da Abrabar.

Nas redes sociais, a Abrabar classificou a medida de retornar com as restrições (dos setores) adotada pela Prefeitura como uma atitude covarde, e prevê que muitos dos empreendimentos em Curitiba terão que fechar as portas definitivamente, aumentando o desemprego. Contundente, o texto nas redes sociais diz que o setor “declara guerra” contra as medidas da Secretaria Municipal de Saúde.

Contra a “quarentena eterna”

Ainda na noite de domingo, um evento batizado de “Manifestação contra a quarentena eterna” convocava para um protesto em frente à Prefeitura às 14 horas. Segundo o chamado para esta manifestação, participariam os setores de restaurantes, bares, clubes sociais, shoppings, instituições religiosas e escolares, “reunidos para exigir o cumprimento da quarentena vertical”.

Restaurantes

A Associação Brasileiras de Bares e Restaurantes do Paraná (Abrasel-PR) emitiu, no final da noite de sábado, uma nota criticando o decreto da Prefeitura de Curitiba. “Nos últimos meses, a Associação Brasileiras de Bares e Restaurantes do Paraná (Abrasel – PR), entidade que representa mais de 50 mil estabelecimentos no Estado, dialogou incansavelmente com o poder público em busca de medidas assertivas com relação ao combate da Covid-19. Por esse motivo, fomos surpreendidos negativamente com o decreto divulgado pela Prefeitura de Curitiba no começo da noite deste sábado”, inicia a nota.

“Não faz sentido algum, por exemplo, liberar os restaurantes durante o almoço e proibir o funcionamento durante o jantar. Assim como não faz sentido algum transferir para os empresários do setor a responsabilidade pelos aumentos dos casos em Curitiba. Se a medida não for revertida, ela representará o fim definitivo de muitos empreendimentos da cidade e, consequentemente, milhares de empregos serão ceifados”, continua a nota.

“A Abrasel tentará contato com o prefeito Rafael Greca em busca de uma solução racional, que leve em consideração os aspectos de cada negócio. Se isso não for possível, a associação irá tomar medidas mais ríspidas nos próximos dias”, termina.

Aumento de casos

Desde o início do mês, a Secretaria Municipal de Saúde vem chamando a atenção para o aumento de casos em Curitiba. Se até maio havia o reconhecimento de que a Capital havia conseguido achatar a curva de contágio, os indicadores das semanas seguintes mostram um acelerado avanço nas notificações. Até os últimos dias de maio, a média de novos casos era de 15 por dia. A semana passada terminou com média acima de 50 casos por dia, e um pico de mais de 200 num único dia na semana passada.

O último boletim, divulgado no sábado, mostrava que o número de casos e óbitos em Curitiba tinha subido mais de 50% em apenas 12 dias. Até o sábado, eram 1.777 casos e 78 óbitos.