SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O apoio de empresas em projetos sociais não é invenção recente. Igualmente antigo é como calcular o retorno deste investimento sob o viés corporativo. Pensando nisso, a GV Ces (Centro de Estudos em Sustentabilidade da Fundação Getúlio Vargas) utilizou sua experiência com estudos de caso em 2015 para lançar, este ano, um guia.

O manual, disponível online, foi feito para que qualquer empresa possa analisar o ROI (retorno sobre investimentos, na sigla em inglês) de projetos socioambientais, chamado de ROI de sustentabilidade. “Usamos os princípios gerais de finança e economia”, explica Camila Yamahaki, pesquisadora da GV Ces. “A diferença é que olhamos o retorno social ou ambiental.”

A pesquisadora esclarece que o retorno calculado é para a empresa, especificamente, sem levar em conta os impactos na sociedade e no ambiente. “[O guia] Tenta tangibilizar ao máximo para monetizar os benefícios e explica quais os possíveis métodos de análise financeira para calcular o ROI do projeto [para a empresa].”

Uma das diretrizes do guia, segundo Yamahaki, é que as empresas façam a aplicação da ferramenta desde o início do apoio a projetos, para estimar tanto gastos evitados como receitas. “Facilita o cálculo para a empresa entender melhor e [decidir se] implementa o projeto.”

RETORNO POSITIVO

Entre os estudos de caso em que a GV Ces realizou a aplicação do ROI de sustentabilidade está um programa de qualificação profissional de jovens de baixa renda que teve resultado classificado como lucrativo para a empresa.

Para calcular o ROI do programa Formare, instalado dentro da fábrica da Siemens em Jundiaí, na Grande São Paulo, o estudo levou em conta o que a multinacional desembolsou, incluindo o tempo dos funcionários voluntários, e o que deixou de gastar.

Ao observar isso, a Fundação Iochpe, que coordena a iniciativa social em todas as 45 empresas que aderiram ao programa, contratou a GV Ces para desenvolver um ROI de sustentabilidade para o Formare. “Além desses ganhos todos, existem outros específicos do projeto”, explica Cláudio Anjos, diretor-executivo da fundação, sobre a incorporação de sugestões dos beneficiários da iniciativa na linha de produção da Siemens, por exemplo.

Como mostra o exemplo da multinacional, o guia começa a solucionar a questão do cálculo do retorno. Além disso, as próprias empresas que participaram dos estudos de caso consideraram positivo não só a mensuração, como a aproximação entre as áreas financeiras e de sustentabilidade e o fortalecimento desta última.