CAROLINA LINHARES

BELO HORIZONTE, MG (FOLHAPRESS) – O publicitário Marcos Valério foi condenado pela Justiça mineira a 16 anos e nove meses de prisão em regime fechado por peculato (desvio de dinheiro) e lavagem de dinheiro no esquema conhecido como mensalão tucano.

A sentença da juíza Lucimeire Rocha, da 9ª Vara Criminal, proferida na sexta (15), também condenou os então sócios de Valério em sua empresa de publicidade. Cristiano Paz e Ramon Hollerbach receberam a mesma pena pelos mesmos crimes. Os três ainda foram condenados ao pagamento de 400 dias-multa, fixado segundo o salário mínimo vigente na época dos crimes.

Os três condenados já estão presos atualmente por participação no mensalão do PT. O mensalão tucano, de 1998, é considerado o embrião do esquema descoberto em âmbito federal no governo de Luiz Inácio Lula de Silva (PT). A nova condenação, na primeira instância da Justiça, não interfere no cumprimento de suas penas anteriores, já que podem recorrer dela em liberdade.

Valério, Paz e Hollerbach foram condenados pelo esquema de desvio que bancou a campanha do ex-governador de Minas Gerais Eduardo Azeredo (PSDB) à reeleição em 1998. O tucano foi preso no mês passado após ter sido condenado na segunda instância da Justiça também por peculato e lavagem de dinheiro.

O advogado de Valério, Jean Kobayashi Junior, afirmou que a pena foi desproporcionalmente alta se comparada a de outros condenados no mesmo esquema. Ele argumenta ainda que o crime de peculato só pode ser atribuído a funcionários públicos, o que não é o caso do publicitário.

A defesa de Paz diz que a condenação não merece prosperar.

E que na agência ele não tinha qualquer ingerência sobre as áreas administrativa ou financeira.

Estevão de Melo, advogado de Hollerbach, afirma que a juíza deveria ter decretado a prescrição da acusação dele, que completou 70 anos em 13 de junho –dois dias antes da sentença.