SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A primeira-ministra britânica, Theresa May, disse nesta segunda (17) que o voto do Parlamento sobre o "brexit", o acordo para a saída britânica da União Europeia, será realizado na semana do dia 14 de janeiro. O dia limite para a chefe de governo apresentar um plano é 21 de janeiro.

A data foi anunciada após May ser obrigada a adiar a votação, prevista para 11 de dezembro, quando as sessões de debate no Parlamento evidenciaram que ela não conseguiria maioria para aprovar o acordo que defende.

Não só parlamentares de oposição como também correligionários do Partido Conservador de May avaliam que o texto faz concessões demais ao bloco europeu e atenta contra a soberania britânica.

Para tentar salvar o acordo, May partiu em uma "miniturnê" por Holanda, Alemanha e Bélgica na semana passada a fim de tentar conseguir garantias adicionais de líderes europeus. A resposta, contudo, foi uma sequência de "nãos" sobre a possibilidade de reabrir conversas em torno do teor do texto.

No dia seguinte, a primeira-ministra britânica teve de encarar uma moção de desconfiança do próprio partido -vencida por May por 200 votos a 117 em troca da promessa de não tentar a reeleição nas eleições de 2022.

May afirmou nesta segunda que o debate sobre o "brexit" será retomado após o recesso de Natal, na semana do dia 7 de janeiro, e o voto será na semana seguinte.

"Eu sei que esse não é o acordo perfeito para todo mundo. É um compromisso. Se não deixarmos o perfeito ser o inimigo do bom, então arriscaremos deixar a UE sem nenhum acordo", disse May.

Legisladores da oposição e governistas acusaram a primeira-ministra de tentar ganhar tempo ao adiar o voto por várias semanas.

"A primeira-ministra cinicamente atrasou o relógio tentando forçar o Parlamento a uma escolha entre dois resultados inaceitáveis: o acordo dela ou nenhum acordo", disse o líder do Partido Trabalhista, Jeremy Corbyn.

"Está muito claro que é inaceitável que esperemos quase um mês antes de realizar um voto tão significativo", disse Corbyn aos parlamentares.

Um número crescente de parlamentares defendem que um novo plebiscito é a única saída para vencer o impasse político em torno do "brexit".

May disse ao Parlamento que um novo voto popular causaria um dano irreparável à legitimidade política do Reino Unido e "diria a milhões de pessoas que confiaram na nossa democracia que ela não é confiável".

O principal obstáculo para o acordo é a cláusula conhecida como "backstop", que manteria o Reino Unido ligado às regras aduaneiras da UE para que a fronteira entre a Irlanda, país-membro da UE, e a Irlanda do Norte, parte do Reino Unido, continue aberta.

O trato assentido pelos dois lados sublinha o caráter temporário de uma zona tarifária comum. Mas legisladores em Londres acham que se trata de um blefe de Bruxelas para "prender" indefinidamente o futuro ex-membro da UE a controles do bloco.