SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A primeira-ministra britânica, Theresa May, fez um discurso no Parlamento nesta segunda (22) para tentar conter a rebelião em seu partido conservador contra sua estratégia para o “brexit”, garantindo que um acordo com a União Europeia está quase finalizado.

Ao mesmo tempo, ela afirmou também que rejeita a proposta europeia para a fronteira com a Irlanda, principal questão que ainda não foi definida. 

“Não podemos deixar isto virar uma barreira para a futura parceria que todos queremos”, disse May. “Garantir o interesse nacional exige que todos nós mantenhamos a calma durante esses últimos estágios de negociação, a parte mais difícil de todas.”   

Segundo May, 95% do acordo já está fechado e “a grande maioria” dos assuntos já foi decidido, incluindo o futuro de Gibraltar, território britânico reivindicado pela Espanha.

“Só há um ponto faltando”, afirmou ela, em referência a como vai funcionar a fronteira entre a República da Irlanda (país independente que faz parte da União Europeia) e a Irlanda do Norte (que faz parte do Reino Unido e, assim, sairá do bloco). 

Ambas as partes querem evitar o restabelecimento de uma fronteira física entre as Irlandas, a fim de preservar os acordos de paz de 1998 , mas não conseguem chegar a um acordo para isso.

“Fui muito clara sobre o fato que devemos alcançar isso sem criar uma fronteira rígida de qualquer tipo entre a Irlanda do Norte e o resto do Reino Unido”, disse Theresa May no domingo.

A UE propõe manter a Irlanda do Norte na união aduaneira e no mercado único, caso nenhuma outra solução seja encontrada. Mas a opção é inaceitável para May, já que poderia obrigar a criação de uma barreira entre a Irlanda do Norte e o restante do Reino Unido. .

Por isso, ela propõe que todo o Reino Unido permaneça alinhado com as regras aduaneiras da UE até à assinatura de um acordo de livre comércio mais amplo.

Essa saída, porém, sofre rejeição da ala interna do Partido Conservador que votou a favor do “brexit”. Para este grupo, manter o Reino Unido atreladas a regra europeia vai contra a vontade popular. 

Para piorar, após a ultima rodada de negociação entre Londres e Bruxelas no início de outubro ter terminado sem acordo, o que levou May a debater a possibilidade de ampliar o período de transição, que começa em março de 2019 e deveria terminar em 2020 -ele poderia seguir por até mais um ano. 

Com isso, parte da ala pró-“brexit” dentro do partido tem ameaçado votar contra May no Parlamento, derrubando seu governo. 

“As negociações sobre o “brexit” não são sobre mim ou meu destino pessoal, é sobre o interesse nacional, e isso envolve fazer as escolhas certas, não as mais fáceis”, disse a primeira-ministra ao tabloide The Sun nesta segunda (22).