Reprodução – Jou00e3o de Deus

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O médium João Teixeira de Faria, o João de Deus, prestou o primeiro depoimento ao Ministério Público nesta quarta (26), em Goiás, e alegou "não se lembrar" das mulheres que o acusam de abuso sexual.

Ele também negou ter praticado qualquer tipo de crime durante seus atendimentos espirituais, de acordo com Alex Neder, um dos advogados do médium. "Ele respondeu a todas perguntas dos promotores. Negou peremptoriamente que tenha cometido qualquer tipo de abuso sexual. Ele sempre fez atendimentos acompanhado de várias pessoas."

A mulher do médium, a bacharel em direito Ana Keila Teixeira, 40, poderá ser indiciada como coautora dos supostos crimes de posse ilegal de arma de fogo e lavagem de dinheiro, segundo a delegada Paula Meotti, titular da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), onde Ana Keila foi ouvida nesta quarta, em Goiânia.

A defesa do médium nega a existência dos crimes e diz que Ana Keila classifica as denúncias como "caluniosas".

João de Deus está preso preventivamente (sem data para soltura) desde 16 de dezembro sob suspeita de crimes sexuais contra pessoas que procuravam tratamento espiritual.

A polícia e o Ministério Público apreenderam na semana passada R$ 1,6 milhão em espécie e seis armas em endereços ligados ao médium. Em razão das armas sem registro, foi expedido um segundo mandado de prisão.

De acordo com a delegada Paula Meotti, Ana Keila é "figura central" das investigações sobre crimes sexuais supostamente cometidos pelo marido dela. "Está se analisando as condições em que ela [Ana Keila] vai figurar, como indiciada ou testemunha. Ela é a figura central, pois saberia todo o histórico de abusos, em tese", afirmou a delegada.

Durante o depoimento, segundo a delegada, Ana Keila negou que soubesse da existência de armas na residência ou que João de Deus portasse arma de fogo. De acordo com ela, a mulher, que tem uma filha de três anos com o médium, relatou que está sem dormir desde as denúncias passaram a ser divulgadas.

Apesar do que disse Ana Keila, a delegada afirmou desconfiar da versão apresentada pela mulher. "Algumas das armas estavam facilmente expostas, em gavetas, por exemplo. A polícia não teve dificuldade de encontrar."

O advogado Alberto Toron nega que o dinheiro apreendido seja ilícito. Segundo ele, a quantia era guardada em cofres por medo de assaltos.

O médium já foi indiciado sob suspeita de violação sexual mediante fraude.