Hully Paiva/SMCS

Cerca de 200 pessoas receberam afeto transformado em alimento na Escola de Segurança Alimentar Patrícia Casillo, espaço que integra o Complexo de Segurança Alimentar do Capanema, na noite deste domingo (17/7). Em uma ação que reuniu diversas instituições parceiras, famílias e cidadãos puderam apreciar uma sopa quentinha com direito a acompanhamentos e sobremesa.

A ação foi organizada por João Casillo, pai da advogada Patrícia Casillo, que faleceu em janeiro e dá nome ao espaço.

“O prefeito teve a delicadeza extrema de dar a este local o nome de uma filha que eu perdi, então nós queremos estar aqui sempre presentes. A intenção é atender as pessoas. Neste sentido, tenho provocado outras pessoas a participar, com aquilo que puderem”, conta ele.

Para o jantar de domingo, o Consulado Honorário do Reino da Bélgica doou os insumos, já a produção da comida ficou a cargo dos voluntários da ONG Jabra. “Essas pessoas maravilhosas da Jabra é que prestaram serviço para que pudéssemos fazer o que estamos vendo hoje e que vamos fazer muitas vezes ainda”, afirma ele.

O presidente da Jabra, Roberto Watanabe, explica que a entidade já desenvolvia um trabalho social no Japão, em asilos e orfanatos, e que há cerca de cinco anos começou a atender no Brasil. Segundo ele, além do Mesa Solidária, a ONG é parceira da Prefeitura em outros três projetos sociais.

“Nosso foco aqui no Brasil, no início, era mais voltado para a educação e com a pandemia vimos crescer a necessidade da população pelo alimento. Nossa filosofia é pregarmos o bem, independente de religião, de sexualidade, de cor, ou de qualquer diferença”, explica Watanabe, presidente da ONG.

Comida feita com amor
Especialista em gastronomia social, o chefe de cozinha Rafael Aparecido Utimura, que também é vice-presidente da Jabra, explica que trabalha conceitos de zero desperdício de alimentos. “Quero retribuir as oportunidades que recebi na vida e demonstrar minha gratidão ajudando outras pessoas que precisam, assim como eu precisei um dia”, contou Utimara.

Os alimentos foram preparados com muito amor e cuidado pelo voluntários. “Preparamos uma sopa de carne com legumes, croûtons de pães para acompanhar e um suco natural de fruta”, conta ele.

O cardápio contou também com a contribuição do Lucca Café, que, além de ofertar quatro vagas de seu curso de Panificação Artesanal para voluntários do Mesa Solidária, doou toda a produção de pães das aulas para servir como acompanhamento no jantar.

Grávida de quase nove meses e acompanhada de cinco filhos, Marisonia de Fátima Souza Nascimento, 26 anos, diz que a iniciativa tem ajudado bastante a família.

“Eu trabalho com recicláveis e pago aluguel, então não é fácil alimentar todos. Agora vou tranquila para casa, todos estão bem e prontos para descansar”, diz ela.

Anderson de Lima Conde, 39 anos, que está em situação de rua há cerca de sete anos, destaca a organização e conservação do local. “Aqui é cuidado e organizado. A gente se sente bem, come com dignidade. Essa é a terceira vez que venho aqui”, elogia Conde.

Acompanhada do marido, Franciele Tabaldi, 30 anos, diz que atualmente os dois estão desempregados e freqüentam o local. “Esse lugar é maravilhoso. Muita gente não tem o que comer, esse é o único espaço por aqui que oferece o jantar”, afirma.

Mesa Solidária
O Mesa Solidária é uma ação conjunta de órgãos da Prefeitura, como Secretaria Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional, Fundação de Ação Social e Secretaria Municipal de Defesa Social e Trânsito, que cedem locais e apoio logístico, com entidades parceiras (instituições religiosas, ONGs e movimentos de ajuda às pessoas em situação de rua), que adquirem, preparam e servem os alimentos.

Segundo a coordenadora técnica do Departamento de Estratégias de Segurança Alimentar e Nutricional, Morgiana Maria Kormann, hoje o Mesa Solidária conta com cerca de 54 instituições sociais parceiras que produzem as refeições dentro dos espaços disponibilizados pela Prefeitura.

“São espaços onde elas têm a oportunidade de levar as mãos, usar um sanitário, poder sentar a mesa, se socializar e se alimentar com dignidade. A importância desse trabalho é justamente resgatar esses momentos de acolhimento, de afeto e carinho que os voluntários das ações proporcionam a essas pessoas”, afirma a coordenadora.

As refeições do programa são servidas na Escola de Segurança Alimentar Patricia Casillo (Viaduto do Capanema), no Restaurante Popular da Praça Rui Barbosa (Centro) e no Mesa Solidária Luz dos Pinhais, atrás da Catedral (Centro).