SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O clima de festa foi o mesmo do primeiro ao último minuto do jogo que consagrou a França campeã da Copa da Rússia no Les 3 Brasseurs, cervejaria francesa no Itaim, zona oeste de São Paulo.

Cantaram o hino, empurraram o time e gritavam cada vez que o veloz Kylian Mbappé corria com a bola nos pés em direção ao gol. Também teve xingamentos ao juiz e pedido de VAR no toque na mão de Ivan Perisic na área. Após ser avisado pelo árbitro de vídeo, o argentino Néstor Pitana marcou pênalti, cobrado e convertido por Antoine Griezmann. 

Mesmo durante os dois gols da Croácia -o primeiro de empate e o segundo quando a França já tinha anotado quatro-, o público, formado por franceses e entusiastas brasileiros dos Les Bleus, seguiu comemorando. Mas a euforia não resistiu por muito tempo após o apito final do juiz. 

Uns gritos de “Allez les bleus”, selfies, brinde com champanhe, palmas e logo tudo parecia voltar a normalidade de um domingo a tarde. No balcão do caixa, enquanto uma fila começava a se formar, a voz do narrador da Globo Galvão Bueno comentado a comemoração no estádio Lujniki, em Moscou, era abafada por “I Will Survive”, canção de Gloria Gaynor que saía das caixinhas de som instaladas no alto. 

“À francesa”, clientes iam deixando o lugar ocupado por cerca de 750 pessoas, segundo a administração do local -sentados, a capacidade do estabelecimento é de 280 pessoas, mas algumas mesas foram tiradas para acomodar mais gente de pé.

“A festa é boa, mas se fosse o Brasil [na final] seria bem mais animado, né?”, diz Débora Brasil, que acompanhava amigos. Segundo ela, uma francesa que estava com a turma indicou o lugar, tido como um dos “points” dos europeus na capital paulista. 

A opinião de Brasil destoa dos presentes na mesa ao lado, onde estava um grupo de brasileiros que trabalham na rede de joalherias francesa Cartier. “Morei na França por sete meses e amo o país. Provável que eu torceria para a França se a final fosse contra o Brasil”, afirma Beatriz Collor, envolta numa bandeira do país europeu e com as cores azul, vermelha e branca pintadas no rosto.  

Richard Dordevic, francês que mora no Brasil há quatro anos, vê mais diferenças entre a euforia francesa e a brasileira. Para ele, o público feminino gosta mais de futebol no Brasil. “Na França, as mulheres costumam se interessar pelo esporte mais durante o período de Copa”, diz. De pai sérvio, país que tem uma rivalidade histórica contra a Croácia, Dordevic brincou dizendo que este era mais um motivo para torcer para a França. 

Do lado de fora, o comerciante Rodrigo Souza lamentava certo desanimo da torcida francesa. Sem muito sucesso, ele vendia bandeiras e camisas da França na calçada do estabelecimento. “Se fosse a Argentina ou o Brasil, o movimento seria bem melhor”, afirmou. Souza não quis citar números e se limitou a dizer que “vendeu pouco, bem pouco”.